Quem passa com frequência pela BR-471, próximo ao entroncamento da RSC-287, na altura do trevo do Gaúcho Diesel, certamente já se perguntou o que funciona no prédio da antiga Central de Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) Regional de Santa Cruz do Sul. Desde 2008, o espaço é ocupado pela Cooperativa Regional de Alimentos Santa Cruz (Coopersanta), que hoje atende mais de 80 empresas e instituições com a produção de cerca de 230 produtores de oito municípios da região.
Conforme Cássio Baptista, diretor da Coopersanta e que também fez parte da Ceasa Regional no período em que funcionou, o prédio foi construído em 2006 com recursos da Consulta Popular. O objetivo era que os supermercados pudessem adquirir alimentos da agricultura familiar do Vale do Rio Pardo em um único local.
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A operação, contudo, durou pouco tempo. Entre os motivos citados por Baptista para o fracasso estava a disponibilidade limitada de alimentos. “Eles não vinham buscar só os nossos produtos, queriam também mamão, abacaxi, manga e outras frutas produzidas no Nordeste”, observa.
Com isso, as empresas preferiam repor seus estoques diretamente na Ceasa de Porto Alegre, onde encontravam tudo o que procuravam. “Com isso, também reduziu muito o número de fornecedores. No começo eram cerca de 20, depois baixou para dez. Isso se somou a cada vez menos gente comprando e chegou no ponto em que não deu mais para continuar”, recorda Oneide Junkherr, presidente da Coopersanta, que também participou desse processo.
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Com o encerramento da Ceasa Regional, em 2008, alguns dos remanescentes fundaram a Coopersanta, buscando aproveitar não só a infraestrutura já existente, mas também os fornecedores. O início da operação da nova cooperativa coincidiu com a aprovação da lei 11.947/2009, que expandiu o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Já estávamos com tudo preparado, então começamos a atender o Pnae e também o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”, explica Baptista.
A partir disso, os alimentos produzidos pelas pequenas propriedades da região começaram a abastecer escolas municipais e estaduais, cozinhas comunitárias, abrigos e instituições sociais, presídios, organizações militares, restaurantes, hospitais e empresas. Além de produtos in natura, como grãos, frutas e hortaliças, há outros como bolachas, pães, doces, geleias, sucos, ovos e conservas. “Desde aquela época até hoje, o mercado institucional, por meio do Pnae e do PAA, é o nosso principal segmento”, complementa Junkherr.
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Apesar da possibilidade de venderem seus produtos diretamente nas feiras rurais ou para supermercados e outros estabelecimentos, Cássio Baptista entende que a cooperativa facilita esse processo e impulsiona os resultados dos 230 associados. Isso porque a Coopersanta fica responsável pela prospecção de clientes, armazenamento dos produtos e transporte até o destino final. “Se o agricultor não tiver como trazer, temos caminhões que podem ir até as propriedades fazer a coleta.”
O prédio dispõe de câmaras frias, câmaras de maturação e geladeiras próprias para armazenamento dos alimentos até que estejam prontos para o transporte até o comprador, evitando as perdas e aumentando o tempo em que estarão adequados para consumo. “Os agricultores trazem aqui os seus produtos na segunda-feira bem cedo, nós reunimos um grupo de associados para fazer a separação dos pedidos e na sequência já encaminhamos aos municípios, empresas e entidades”, frisa Oneide Junkherr. “Não adianta só produzir, precisa vender, e é disso que nós nos encarregamos.”
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Além disso, a Coopersanta busca possibilidades de captação de recursos e investe parte do seu faturamento na qualificação das atividades dos produtores. Está em fase de planejamento um projeto que pretende oferecer mudas, sementes e assistência técnica para dez famílias de Santa Cruz do Sul. O objetivo é fomentar e diversificar a agricultura familiar. “Esse espaço aqui hoje está sendo usado inteiramente para beneficiar os produtores e a comunidade em geral”, enfatiza Oneide.
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