A cultura do arroz vive um momento singular, com preços antes vistos somente na soja. No último dia 26, a cotação média da saca de 50 quilos chegou a R$ 91,09, conforme o Cepea/Senar-RS, um recorde no indicador. O levantamento da intenção de semeadura ainda será finalizado pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), mas há uma certeza de aumento na área plantada para a próxima safra, o que não acontecia há cinco anos.
A manutenção do preço elevado é atribuída a três fatores: o dólar alto em relação ao real, o aumento no volume exportado e a demanda interna aquecida por causa da pandemia. “É difícil prever se os preços continuarão altos. O mercado oscila bastante, conforme a oferta e demanda. O que é praticamente certo é o fato de o preço estar maior no fim da colheita do que na última safra”, explica o coordenador regional do Irga, Pedro Hamann.
O preço pode variar bastante. Quem tem estoque em silo próprio e está capitalizado consegue aguardar picos como o que acontece agora. Já quem precisou vender logo após a colheita, para honrar compromissos, negociou com preço mais baixo, em torno de R$ 60,00.
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“A maioria dos produtores investe em um cultivar rústico e de grande resistência, o que aumenta a produtividade. A área plantada foi reduzida, por isso não houve uma oferta tão grande no mercado”, comenta Hamann. Na última safra, o Estado contou com 930 mil hectares plantados e produtividade de 8,4 mil quilos por hectare.
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As regiões de maior valorização são o Litoral, pela qualidade dos grãos, e Sul e Costa Doce, pela proximidade com o Porto de Rio Grande. Depressão Central, Campanha e Fronteira ficam abaixo nas cotações. Mesmo assim, segundo Hamann, foram registradas negociações de R$ 90,00 pela saca em Cachoeira do Sul.
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“Não se imaginava que poderia chegar a quase R$ 100,00 em algumas vendas. Mas, para o consumidor, não há um impacto muito significativo. A porção de arroz diária para uma pessoa custa 30 centavos. É um alimento acessível”, ressalta.
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Geada afeta lavouras de trigo no Estado
As geadas consecutivas no fim da semana passada foram prejudiciais para as lavouras de trigo no Estado. A Emater/RS-Ascar ainda faz o levantamento da quebra de produtividade. A estimativa é de que os danos atingiram 40% da área cultivada, principalmente nas regiões com plantas em fase de floração e enchimento de grãos, mais sensíveis aos efeitos climáticos. O restante da área cultivada está em desenvolvimento vegetativo, o que fornece mais resistência ao frio extremo.
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No Vale do Rio Pardo e Centro-Serra, o município que mais sentiu efeitos foi Estrela Velha. Segundo o extensionista da Emater/RS-Ascar, Fernando Redin, três produtores relataram prejuízos. “As lavouras estão na fase de emborrachamento, antes da floração. Vamos tentar acionar o Proagro para os produtores prejudicados”, explica Redin.
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Em Candelária, com uma área de 400 hectares, os danos foram mínimos. “A utilização é somente para cobertura de solo. Uma plantação de baixa tecnologia. Não há risco de perda financeira”, esclarece o extensionista da Emater/RS-Ascar, Sanderlei Pereira.
Não houve registros de problemas nos pomares de Encruzilhada do Sul ou na produção de hortifrúti em Santa Cruz do Sul, bem como no caso das pastagens. A Afubra não realizou levantamento com os fumicultores afetados pela geada.
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