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TENDÊNCIA MANTIDA

Preço da carne deve continuar em alta neste final de ano

Queda na procura pelos cortes de gado, dado que a população tem optado por frango e porco, eleva ainda mais os preços | Foto: Rodrigo Assmann/Banco de Imagens/GS

O preço da carne bovina vai continuar salgado na reta final de 2021. A tendência é de aumento até a chegada do Natal. As justificativas são a pressão da inflação, a diferença entre consumo interno e exportação, a diminuição dos abates e a diferença entre os cortes, já que os brasileiros consomem mais da parte traseira, enquanto carnes da dianteira são enviadas para exportação.

A suspensão das exportações de carne bovina brasileira para a China, oficializada em setembro, não teve efeito robusto na redução de preços para o consumidor final até o momento, mesmo com a queda no valor do boi gordo. O recuo no preço em outubro foi de apenas 0,31% após 16 meses seguidos de alta, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que mostra a prévia da inflação no país.

Economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz afirma que o principal fator é o aumento generalizado dos preços. “Muitos consumidores comemoraram a queda nas exportações para a China. Falamos, na época, que era uma ilusão. Iria cair para o produtor e não para o consumidor. Foi o que ocorreu. O preço ao consumidor não está subindo por causa da China, das exportações ou do que quer que seja. Está subindo por causa da inflação.”

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Luz aponta que o desequilíbrio monetário é reflexo das medidas tomadas no ano passado para mitigar efeitos da pandemia, como os auxílios emergenciais, impressão de papel moeda e alto déficit fiscal. “Com a inflação, produzimos menos. Com a queda nos abates, não sobra carne para o consumidor. O preço não vai baixar.”

Rebanhos e abates estão em redução

De acordo com o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o número de bovinos abatidos no Estado caiu 15% entre janeiro e setembro. O Nespro também aponta que o rebanho bovino está diminuindo 2% ao ano. Em setembro deste ano, o volume estimado era de 11,2 milhões de cabeças de gado. Ambos são fatores que impactam no abastecimento dos frigoríficos. Conforme o coordenador do Nespro, Júlio Barcellos, serão necessários 530 mil bois até o fim do ano para abastecer o Estado, que deve ter aumento de 18% no consumo. Contudo, a oferta, atualmente, é de 520 mil cabeças.

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Não há previsão de queda nos preços justamente pelo ambiente desfavorável. Com o menor poder de compra das famílias, que optam por carnes mais baratas, como frango e porco, a produção de carne bovina não é estimulada. “É necessário recuperar a economia para um fortalecimento do setor. O consumidor precisa ter maior renda para comprar carne e os demais alimentos impactados pela inflação”, sublinha Barcellos. Uma dica do professor é aproveitar promoções e congelar as carnes excedentes para as festas do fim de ano. Durante a semana, conforme a Scot Consultoria, o preço do boi gordo no Estado ficou entre R$ 9,65 e R$ 9,75 por quilo pago ao produtor. O Nespro estima que o preço em 15 de dezembro deve chegar a R$ 12,03.

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