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Precisamos pôr os olhos no lixo

Embora não seja tão agradável e não nos anime tanto, precisamos falar e agir mais em relação ao que descartamos em nosso dia a dia. As nossas preocupações giram muito (e até demais) em torno do que comprar e consumir, e muito pouco nos restos que deixamos. É uma preocupação que se renova ao andar a cada dia pela cidade e com as informações mais recentes e nada animadoras sobre resíduos, que não condizem com uma sociedade que sempre prezou pela limpeza e requerem urgentemente um choque em nossas consciências para despertar e melhorar.

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Chama atenção no caminhar diário, cedo da manhã, pela Rua Venâncio Aires (e assim acontece em vários lugares), a quantidade enorme de lixo espalhado nas calçadas e meio-fios, uma parte já na entrada das bocas de lobo para causar entupimentos, e, o que é pior, próximo e na frente das lixeiras, onde deseducados não se dão ao cuidado e tempo de acondicionar decentemente o material nestes locais adequados. Dá vontade de sair catando (às vezes, até se recolhe alguns objetos para o devido destino), mas não se resolve o problema, que, menos mal, acaba sendo resolvido logo que ocorre a abertura dos estabelecimentos ali sediados (fazendo valer sua consciência de limpeza ainda presente).

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Na boa iniciativa de dispor contêineres, é rotineiro ver a colocação de material reciclável nos recipientes destinados apenas ao lixo orgânico, assim que nenhum dos dois acaba tendo o destino correto. Os índices de reciclagem, apesar de todos os esforços já feitos, são ainda pífios (menos de 3%, conforme se noticiou no início da recente 5ª Semana do Lixo Zero), pois ainda não ocorre de forma desejável a separação de nossos resíduos, embora a coleta seletiva já atinja toda cidade e várias campanhas tenham sido feitas.

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O louvável evento da referida semana e do movimento em seu entorno, que envolve já um significativo grupo de voluntários, ao lado das ações do poder público, procurou reforçar os trabalhos feitos em nível municipal – também pela Fundação de Proteção Ambiental (Fupasc) – e trazer exemplos que podem ser seguidos. Neste sentido, apareceu melhor aproveitamento dos resíduos orgânicos (projeto de composteiras domésticas e biodigestores escolares no município de Venâncio Aires, o que está sendo proposto também em ação do grupo santa-cruzense) e incentivo com formas como o Ecocash, em Restinga Seca, onde ainda doação domiciliar de sacos específicos para lixos recicláveis estimulou esta destinação (seus índices de reciclagem são próximos a 30%).

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A persistente mistura de lixos é razão séria para muito nos preocupar e ver alternativas, a começar pelo correto descarte do reciclável. Talvez ampliar o número de contêineres para este material (opção sempre cara e que ocupa mais espaço nas ruas), desenvolver uma força-tarefa (árdua, sem dúvida) de visitas domiciliares para orientação (parece que só os folhetos e as campanhas gerais não adiantam), disponibilizar materiais de menor custo para adequada destinação (lembrando que os antigos cestos à frente das casas podem ser aproveitados de forma específica para este fim).

Enfim, precisamos atender ao tocante apelo feito pelas catadoras da Cooperativa Coomcat na abertura da Semana de Lixo Zero, de que é imprescindível haver uma mudança de comportamento. É hora de mais gente acordar para este problema e pôr (direcionar, é claro) os olhos no lixo, para que não nos envergonhe e, sim, sirva para ser reciclado e reutilizado, ao lhe darmos o devido destino.

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Guilherme Bica

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