Representante do Vale do Rio Pardo na Secretaria Estadual da Educação, a venâncio-airense Elida Klamt esteve na Gazeta do Sul para um bate-papo. A professora falou sobre a função que tem desempenhado desde 2 de setembro – Agente de Controle Externo de Gestão Regional de Educação – e dos planos e projetos para a área no governo.
“Vejo que é um momento diferente. Novas façanhas para o Rio Grande do Sul. Espero que a gente possa deixar os aspectos negativos de lado, algumas falas que não levam a nada, e que possamos nos apoiar, realizar um trabalho bem alinhado”, disse. “Que esse elo entre todos realmente aconteça, sem competição. Se todos nós, profissionais da área, estivermos unidos e focados e pensarmos no melhor para a nossa educação, vamos fazer a mudança.”
Gazeta do Sul – Pouco antes de ser nomeada para o novo cargo, houve a participação no processo seletivo para concorrer a alguma coordenadoria. Como se deu essa decisão?
Elida Klamt – Começou com uma conversa com um grupo de amigos e com o professor e advogado Vinícius Medeiros, que já foi meu aluno. Ele estava em contato com o pessoal do governo. Além disso, a Fundação Lemann fez uma pesquisa e meu nome surgiu como um dos indicados, por várias escolas, para ocupar o cargo. Naquele momento, quando fui procurada, estava aposentada. Comecei a pensar, então, sobre essa possibilidade. Foi uma decisão muito difícil, até porque eu não estava preparada para voltar a trabalhar de forma, assim, tão rápida. Mas fui bastante amparada pelos colegas, tanto de Santa Cruz quanto de Venâncio Aires. Aguardei, me preparei. Não quis assumir interinamente, porque em algumas coordenadorias havia essa possibilidade. Em todo momento que fui caminhando, passando pelo processo seletivo, procurei focar no que eu queria e buscar a preparação, caso acontecesse a nomeação para o cargo.
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Gazeta – Como foi essa transição, visto que chegou a ser anunciada para assumir a 6 CRE, mas depois foi nomeada para o novo cargo? Como recebeu esse convite?
Elida – No momento em que a secretária adjunta da Seduc, Ivana Genro Flores, falou comigo, eu me senti muito bem. Ela passou todas as informações sobre o cargo. Pela nota que tive no processo seletivo eu poderia ser escolhida como coordenadora, mas, também, para ocupar esse cargo de agente externo. Me identifiquei muito com a proposta. Também sabia do quanto o Luiz Ricardo Pinho de Moura gostaria de permanecer no trabalho, dentro da coordenadoria. Desde o momento em que comecei a seleção, sempre disse: fui indicada. Não queria tirar o cargo de ninguém. Durante dois dias o pessoal da Seduc conversou muito comigo. Minha família também achou que o cargo era o meu perfil e mais tranquilo. É aquilo que eu gosto de fazer. Minha única preocupação foi em relação aos colegas, aqueles que estavam me esperando dentro da CRE. Mas eu vejo esse trabalho como de alinhamento entre todos os coordenadores. Não existe competição. Existe uma caminhada entre os 33 coordenadores, os 30 responsáveis pelas coordenadorias e os três nomeados como agentes externos.
Gazeta – Quais serão as atribuições desse novo cargo? Como deve ser o trabalho desses três agentes?
Elida – Na verdade, nós somos entre quatro, porque tem a Eliane Reis, que é assessora técnica do gabinete da Seduc. Ela continua fazendo esse trabalho na região metropolitana. Isso mostra, inclusive, que esse não é um cargo novo. Já havia pessoas exercendo a função, mas, pela demanda, elas não conseguiam chegar até o interior. Então essa decisão foi bem estratégica. Cada uma de nós está em um polo, mas com possibilidade de atuar em todos. O governo espera, com isso, promover um alinhamento com as coordenadorias, Seduc e, é claro, com as escolas. Nosso foco principal é a educação pública, o aluno. Ele é o resultado de toda essa nova organização de rede que estamos desenvolvendo. O agente externo tem o papel de ajudar a orientar e a supervisionar. A gente conversa, troca ideias, traz a informação. Temos uma preparação muito grande dentro da Seduc. Tempos atrás consegui ajudar muito o setor de recursos humanos de uma CRE. Momentos assim são bem importantes para seguirmos um trabalho de rede.
Gazeta – Como vai funcionar isso?
Elida – É uma constante. Nós temos sempre a preparação. Agora, nesse primeiro momento estamos visitando as CREs. Temos como meta verificar a gestão de pessoas, demanda, liderança, influências políticas e assuntos gerais. Cada uma tem a sua realidade. Situações que podemos, também, orientar, levar as dúvidas para Seduc. Depois, quando terminarmos essas visitas, virão outras demandas. É um trabalho ainda inicial. Procuramos ter calma, tranquilidade, ler muito, trocar ideias. Dentro da Seduc, conhecemos todos os setores. É muito bom trabalhar lá. Um aprendizado muito grande. Estou bem feliz. É um novo momento profissional.
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Gazeta – Além disso, há algum projeto, uma ação mais ampla, já visualizando o próximo ano letivo?
Elida – Vamos começar a pensar, ouvir as dificuldades de cada coordenadoria, ver o que pode ser melhorado em nível pedagógico. Vamos pensar em novas metas, ter momentos com todos os coordenadores. Estamos sempre interagindo. Não pode mais existir um trabalho sem alinhamento. Claro que cada um tem a sua particularidade, mas quando se fala em pedagógico, em recursos humanos, em Informatização da Secretaria da Educação (ISE), por exemplo, algumas demandas são iguais para todos. Vamos caminhar, sempre, com muita imersão para que as coisas realmente aconteçam interligadas e não isoladas.
Gazeta – Dentro das particularidades de cada CRE, o que percebe que poderia ser trabalhado, aprimorado ou mudado na nossa região?
Elida – Nós ainda não entramos tanto nas coordenadorias. É muito cedo para dizer. Algumas já disseram que gostariam que eu estivesse a semana toda lá. Os professores, as escolas querem conhecer nosso trabalho. Isso vamos construir juntos. Aqui é mais fácil para mim porque eu conheço a linha pedagógica. Conheço o trabalho de quase toda a região. Mas, ainda assim, é tudo novo também. O que tem se comentado é que os agentes externos passem os pontos positivos de uma CRE para outra. Essa é uma meta bem importante. Hoje só olhamos o lado negativo. As dificuldades são, praticamente, iguais em todas, de uma ponta a outra Rio Grande do Sul. Agora temos que olhar muito para aquilo que está dando certo. Se esse alinhamento entre a rede, o grande projeto do governo, realmente der certo, ele vai ser modelo para todo o Brasil.
Gazeta – De forma geral, o que visualiza para o cenário da Educação no Estado nos próximos anos?
Elida – Nós precisamos de uma reorganização. Mudanças vão acontecer porque são necessárias. Também vamos buscar novos projetos pedagógicos. Além disso, fortalecer aquilo que já está dando certo e pensar em nova metas. Estamos sempre em planejamento para buscar a qualidade de ensino. O foco principal é esse, a excelência no ensino público. Como tem escolas que estão conseguindo fazer uma boa gestão, fazendo a escola acontecer e outras não? Está se fazendo muito um paralelo, uma avaliação, um diagnóstico para saber o porquê disso. É um momento de acreditar. Projetos bons vêm por aí. Este elo entre Seduc, CRE e escolas está se fortificando e fortalecendo. Vamos todos, de mãos dadas, buscar esse novo momento na educação. É como a gente fala nas nossas imersões: novas façanhas para o Rio Grande do Sul.
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Gazeta – Sobre buscar exemplo naquilo que está dando certo. O que teríamos aqui pela região?
Elida – Nós temos muitas escolas referência, com bons indicadores. Escolas que estão caminhando com a comunidade, cumprindo as metas. E nós temos muito mais escolas dando certo do que não. Temos que nos espelhar. Uma situação negativa às vezes estraga as demais, mas a nossa região é muito elogiada. Quando passei pela banca, no processo seletivo, já ouvia isso do secretário estadual de Educação, Faisal Karam, o quanto nossa região é rica e tem um olhar especial nessa área. E a gente sabe disso. Sabemos que estamos caminhando e que temos um trabalho de qualidade. Agora o momento é de melhorar ainda mais. Claro que tem a questão dos salários. Existe uma preocupação e uma busca pela resolução desse problema. O governo não está parado. Ele está lutando para que as coisas mudem e aconteçam. Nós precisamos acreditar. É o momento em que a gente deve dar as mãos, lutar por uma educação de qualidade e pelos nossos direitos. Mas acredito, também, que sempre há a maneira certa de se posicionar. Não podemos confundir todo esse momento com o não fazer pedagógico, com o não acontecer dentro da escola. A maioria das escolas deve continuar fazendo um trabalho de qualidade e não se deixar abater por essas situações. Eu, como profissional, sempre digo: temos que fazer a parte da gente para depois poder ser visto e valorizado.
Gazeta – Sobre o futuro das escolas, a criação de polos, aumento de turmas, fechamento de outras. O que se pode esperar?
Elida – Nós não temos nada definido ainda. Para a Seduc é tudo questão de estudo. Não há nada pronto. As coisas, às vezes, saem de uma forma distorcida. Então tudo é muito analisado. Todos nós somos consultados, as escolas são consultadas. Não existe nada imposto. Tudo é trabalhado com prefeituras e comunidades, pensando no melhor para cada uma. Não existe terrorismo. É tudo muito tranquilo, sem pressão.
Saiba mais
Graduada em Estudos Sociais pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em 1987, e pós-graduada em Psicopedagogia pela Faculdade Dom Alberto, em 2008, Elida Klamt nasceu em Venâncio Aires no dia 6 de outubro de 1964. Após uma atuação de 22 anos como professora de História, Geografia e Sociologia, se aposentou em novembro de 2018. Na Capital do Chimarrão, atuou no Colégio Gaspar Silveira Martins e na Escola Estadual de Ensino Médio Wolfram Metzler, onde foi vice-diretora por oito anos e diretora por cinco. No ano de 2017, a instituição recebeu o Prêmio Gestão Escolar, incluindo uma viagem para os Estados Unidos. Lá, Elida conheceu as melhores escolas públicas de leste a oeste do país e participou de formação na Universidade do Estado do Arizona.
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