O sorriso de Tânia Lair Manske, de 50 anos, mostra muito mais que a alegria que costuma carregar consigo. A forma positiva de ver a vida e a intensa luta por dias melhores para as pessoas com deficiência são características que movem a atual presidente do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência (Compede). Ela também é uma das fundadoras da Associação Santa-cruzense de Pessoas Com Deficiência Física (Aspede).
Uma das mais importantes causas defendidas por Tânia é a do direito à acessibilidade. Segundo a cartilha Eu tenho direito!, elaborada pela Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), acessibilidade é a possibilidade e a condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado.
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Contudo, mais do que rampas em calçadas ou elevadores em ônibus, o conceito de acessibilidade vai além. “Precisamos de uma sociedade mais acessível. É a percepção do outro sem preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminação”, explica Tânia.
Há, além das barreiras arquitetônicas, as barreiras atitudinais. Para Tânia, esse é o maior problema que enfrenta. “A deficiência não nos define. Eu me adaptei. Não vou dizer que é fácil – é difícil, é complicado, mas a gente aprende a viver. Eu descobri minhas potencialidades, mas minha maior dificuldade é a barreira atitudinal, que se refere à percepção do outro, sem preconceitos, estigmas, estereótipos. Todos os demais tipos de acessibilidade estão relacionados a esse, pois é a atitude da pessoa que impulsiona a remoção de barreiras. A barreira atitudinal é quando as pessoas que poderiam facilitar o meio, fazer a acessibilidade, simplificar a vida, dificultam.”
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De acordo com a presidente do Compede, são os comportamentos preconceituosos perpetuados ao longo do tempo que impedem o acesso aos ambientes, bem como o relacionamento e o convívio das pessoas com deficiência na sociedade, seja isso intencional ou não. “É preciso oferecer recursos e atividades e acessibilidade comunicacional para promover essa independência às pessoas que necessitam de serviços específicos para acessar o conteúdo proposto. Precisamos que a sociedade seja uma facilitadora para que possamos viver nossas diferenças com igualdade de oportunidade e dignidade”, afirma.
Em Santa Cruz do Sul, conforme Tânia, muito já foi conquistado, mas ainda são necessárias melhorias. “Tivemos muitos ganhos na cidade, no transporte. Hoje, todo ônibus é acessível. Temos algumas rampas, pelo menos na região central. Já há no comércio empresários que estão cumprindo com as normas de acessibilidade e isso é muito importante. Porém, percebemos que muitas pessoas ainda não entendem a importância da acessibilidade e estão perdendo também a oportunidade de conviver com as diferenças, porque nós somos consumidores”, pondera. “Algumas pessoas entendem e fazem acessibilidade como se fosse algo só para pessoas com deficiência ou doentes. Não entendem que se o lugar é acessível para mim, é para todos.”
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O Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência (Compede) realiza mensalmente uma reunião sempre nas últimas quintas-feiras do mês. Em razão da pandemia, por enquanto os encontros são feitos de forma remota. São atribuições do conselho acompanhar a aplicação dos recursos públicos previstos no orçamento municipal; incentivar e apoiar eventos para divulgar os direitos da pessoa com deficiência; dar mais visibilidade a esse público; zelar pelo cumprimento da legislação, acolhendo e encaminhando questionamentos quando do seu descumprimento; realizar e apoiar campanhas para prevenção de deficiências; lutar pela garantia da acessibilidade e inclusão social em todos setores e sugerir prioridades a serem incluídas no planejamento do Município, no que se refere às políticas públicas para atender pessoas com deficiência.
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