Advogado e empresário do ramo de tecnologia da informação, o novo-hamburguense Antonio Weck é um dos nomes que disputam a preferência do Progressistas para a candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. Ele concorre, dentro do partido, com o candelariense Luis Carlos Heinze, deputado federal. O destino dos dois será conhecido no sábado, dia 24, nas prévias da sigla, em Porto Alegre.
Weck passou essa semana por Santa Cruz para reforçar os laços com os membros da legenda no município. “Aqui temos um verdadeiro baluarte do partido no comando da administração municipal. O prefeito Telmo Kirst e a vice Helena Hermany são nomes importantes dentro do Progressistas.”
Na quinta-feira, o pré-candidato esteve reunido com lideranças municipais para, segundo ele, obter apoio político na pré-convenção. “As grandes cidades da região dos Vales, como Santa Cruz e Lajeado, têm uma característica em comum: foram governadas durante vários períodos pelo Progressistas. Hoje são exemplos de autossuficiência no Estado.”
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Mesmo após a declaração em carta aberta, na qual o prefeito Telmo declara que é favorável a uma coligação entre o Progressistas e outro partido na cruzada rumo ao Piratini, Weck deixou clara a intenção dele em comandar o governo gaúcho. “Eu venho para o partido com o propósito de disputar as eleições para governador do Rio Grande do Sul. Nós somos o maior partido do Estado, temos a melhor proposta e o melhor discurso”, afirma.
ENTREVISTA
Antonio Weck
Advogado e empresário
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Gazeta do Sul – Os Progressistas estão de saída do atual governo. O que a sua candidatura poderá trazer de diferente da administração do MDB de José Ivo Sartori?
Antonio Weck – O governo Sartori tem suas propostas e a sua forma particular de ver o Estado. Os Progressistas têm outra visão para a realidade. O partido não se fundiu com o MDB ao ser governo. Nós, os Progressistas, demos apoio às questões que foram encaminhadas, para as quais a nossa decisão seria a mesma, caso fôssemos o governo. Não fomos assimilados pelo governo Sartori, nem deixaríamos que isso acontecesse.
Gazeta – Em sua opinião, o que seria uma postura diferente do atual governo?
Weck – O momento econômico atual necessita de um novo olhar para o desenvolvimento. Durante muito tempo, o lado social esteve em evidência no Estado. Nós queremos conciliar as agendas social e de desenvolvimento, pois não há mais nada para distribuir no Rio Grande do Sul. Os arranjos de governo dos últimos 20 anos levaram o Estado para esta crise financeira que hoje vergonhosamente apresentamos para todo o País. O Rio Grande do Sul já foi a condição de equilíbrio das finanças da Federação, e hoje estamos a mendigar ajuda federal.
Gazeta – A oposição afirma que o parcelamento de salários do funcionalismo é uma opção, e não uma necessidade, como o atual governo garante. Dá para governar sem parcelar salários no Estado?
Weck – Parcelar salário não é opção, porque ao governo não é oferecida a condição de cumprir ou não a lei. Pagar salário é lei, inclusive o não pagamento pode levar ao impedimento do governador. Nós precisamos ter um Estado que caiba dentro dele próprio, um Estado que sirva à sociedade e não se sirva dela. Quem pode reivindicar o privilégio de fazer alguma coisa por este Estado somos nós – o Progressistas – , pois nos últimos 30 anos não tivemos nem a chave do cofre, muito menos a caneta para tomar as decisões.
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Gazeta– O Estado está prestes a assinar o acordo de recuperação fiscal com a União. Em sua opinião, esse é o melhor caminho a seguir?
Weck – Este minipacote que será assinado não poderá ser a resolução integral dos nossos problemas. Na verdade, nos parece que ele é a solução momentânea. Nós pensamos em um projeto que possa, a longo e médio prazo, encaminhar em definitivo essa problemática situação que nos deixa tão apreensivos.
Gazeta– O Progressistas defende a privatização de estatais, como o próprio Banrisul e outras empresas do Estado?
Weck – Nós entendemos que todas aquelas atividades que a sociedade pode fazer, que normalmente faz melhor e mais barato que o Estado, devem ficar com a iniciativa privada. Inclusive, essa é uma tônica do nosso partido, que prega menos estado e mais sociedade envolvida. Somos favoráveis à venda dessas empresas, mas não para consumir os recursos de forma irresponsável. Não há condições de continuar com o Estado deste tamanho. O Rio Grande do Sul não está aqui para ser dono de banco, nem para ser dono de companhia de energia elétrica.
Gazeta – A segurança pública é também um desafio ao governo do Rio Grande do Sul. São presídios superlotados e falta de efetivo nas forças policiais. Como o Progressistas encara essa situação?
Weck – A segurança pública é um problema social grave. Mas antes de colocar milhares de brigadianos e viaturas nas ruas, é necessário que a sociedade reveja algumas políticas que são indutoras da insegurança. Ao ver um parlamentar desviando recurso público, por exemplo, outras pessoas sentem-se incentivadas a também cometer crimes. Nós precisamos rever, sob muitos aspectos, os valores e critérios que a sociedade tem hoje. É preciso retomar o orgulho de sermos trabalhadores, de sermos honestos.
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Gazeta – O Progressistas também teve membros citados e investigados pela Operação Lava Jato. O que o senhor diz sobre isso, uma vez que a sociedade clama pela moralização da política?
Weck – A sociedade está saturada dos partidos e dos políticos, na forma como até então se fazia política. O povo espera por novos nomes, por novos discursos. O nosso partido, em nível nacional, cometeu sim graves pecados, mas nos alenta que no Estado o Progressistas teve a melhor performance com relação às investigações de corrupção. Nós tivemos nomes citados em investigações, mas nenhum condenado, e por isso acreditamos que seja possível resgatar a imagem do Progressistas, a partir do Rio Grande do Sul. No entanto, é preciso sim que o partido seja oxigenado, é fundamental que sejam apresentados novos nomes e o Progressistas se deixe tocar por esse clamor da população. O eleitor mudou, agora ele está conectado, fiscaliza e participa da política. Se nós não conseguirmos fazer essa conexão com a nova forma de fazer política, e se não fizermos os ajustes que precisam ser feitos, sofreremos as consequências desta eleição.
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