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Pré-candidato ao governo do Estado fala sobre a crise

No dia em que Santa Cruz do Sul completou 139 anos, o Partido Novo oficializou a criação de um núcleo da sigla na cidade. “A mobilização está espetacular em relação ao tamanho da cidade. As pessoas daqui estão animadas, engajadas, com muita energia. Vamos fazer um esforço para aumentar a disseminação das nossas ideias”, diz Mateus Bandeira, filiado ao partido deste agosto e pré-candidato ao governo do Estado. A criação do Partido Novo é justificada pelo descrédito geral nas agremiações tradicionais e na forma como a política é praticada. A insatisfação foi exacerbada com a operação Lava Jato, uma ação efetiva no combate à corrupção. “O modelo político atual está falido. É baseado no conchavo, no patrimonialismo. A rejeição a essas práticas originou o Partido Novo, que é uma ferramenta de mudança”, explica Bandeira.

Em relação ao Rio Grande do Sul, o pré-candidato destaca que o Estado já experimentou todos os partidos, mas que os problemas foram se acentuando ao longo dos anos. Segundo afirma, nenhum deles conseguiu levar adiante um projeto reformador para resgatar a capacidade de o Estado cumprir o papel essencial e, ao mesmo tempo, abrir espaço para os empreendedores, fornecendo mais liberdade às pessoas. “O Novo é o único partido que não utiliza recursos públicos por meio do fundo partidário. Somos contra a proposta de que a população terá que contribuir de forma compulsória para financiar os partidos. O Novo se mantém por meio de doações dos filiados e apoiadores, totalmente voluntárias. É assim que acreditamos que todas as organizações deveriam fazer”, argumenta.


Mateus Bandeira, filiado do Partido Novo
 

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Em relação à crise financeira do Estado, que motivou atrasos no pagamento dos servidores e nos repasses às prefeituras, Bandeira acredita que o primeiro passo é entender o problema e desenhar um plano para atacá-lo na raiz. Ele salienta que a realidade atinge todo o Brasil, que há 25 anos gasta mais do que arrecada. “O financiamento dessa despesa maior do que a receita foi feito pelo aumento de impostos e por dívidas astronômicas. Nos últimos três anos, o acréscimo para a dívida pública atingiu R$ 1 trilhão. A emissão de títulos de dívida pública compromete 75% do PIB nacional. O Brasil precisa resolver isso para garantir a solvência das contas públicas no longo prazo”, observa. “Temos que estabelecer confiança para receber investimentos. Em consequência, teremos uma recuperação da economia de forma sustentável.”

Bandeira elenca as razões que provocaram a derrocada das contas públicas estaduais, não apenas do Rio Grande do Sul, mas também do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. “Na recessão, tivemos mais de 8% de contração no PIB. Os estados não podem emitir dívida desde 1997, quando aconteceu um acordo de renegociação das dívidas. 
Passaram a pagar um percentual da receita à União”, esclarece. “As razões para a crise mais forte são as mesmas nos três estados. Algumas delas são a indexação e a vinculação de receitas, prevista pela Constituição; regras benevolentes que permitem a aposentadoria precoce de servidores públicos com salários elevados em determinadas categorias e a irresponsabilidade fiscal dos governos, que concederam reajustes e iniciaram programas que consumiram recursos sem o devido lastro de receita.”

Partido Novo

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A legenda se inspirou na seleção dos trainees de grandes empresas para escolher seus candidatos, composta por quatro fases. O engenheiro e administrador de empresas João Dionísio Filgueira Barreto Amoêdo foi um dos fundadores do partido e é o provável candidato à Presidência da República. O presidente da sigla é o engenheiro Ricardo Taboaço, outro fundador. “Com a decepção generalizada hoje em dia, a saída é mudar a cara dos políticos. Mostrar às pessoas que não precisa ter base eleitoral para se candidatar, nem ter contato direto com a política”, diz Amoêdo. Quatro vereadores foram eleitos em 2016: Felipe Camozzato (Porto Alegre), Janaína Lima (São Paulo), Leandro Lyra (Rio de Janeiro) e Mateus Simões (Belo Horizonte).

O Partido Novo foi fundado em 12 de fevereiro de 2011 por 181 cidadãos de 35 profissões diferentes e oriundos de dez estados da federação. O registro definitivo foi deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 15 de setembro de 2015. Segundo o site do partido, o Novo é um movimento que foi iniciado por cidadãos insatisfeitos com o montante de impostos pagos e a qualidade dos serviços públicos recebidos. Este grupo de pessoas nunca havia se candidatado a cargo eletivo, mas concluiu que um partido político seria a ferramenta democrática adequada para realizar as mudanças desejadas.

Quem é

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Em abril de 2010, Mateus Bandeira assumiu a presidência do Banrisul ao substituir Fernando Lemos, escolhido pela governadora da época, Yeda Crusius (PSDB). No mesmo governo, foi diretor do Tesouro do Estado e secretário de Planejamento e Gestão. Antes, durante o governo de Olívio Dutra (PT), foi assessor técnico da presidência da CEEE e atuou na equipe do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (PT) e como assessor no Senado. Servidor de carreira da Fazenda, Mateus fez MBA em Finanças Corporativas e Políticas Públicas na The Wharton School, a escola de negócios da University of Pennsylvania. Bandeira foi CEO da Falconi Consultores de Resultado até janeiro deste ano. n

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