Desde os primórdios da humanidade, o homem tem que lidar com o dilema de realizar seus vontades no momento que as têm ou retardar essas vontades a fim de obter uma recompensa maior. Prega a história que Adão e Eva não conseguiram retardar a realização de seus desejos, trocando a vida eterna no paraíso por uma dentada na maçã. Será que valeu a pena para eles? Será que eles trocariam novamente a recompensa a longo prazo pelo prazer imediato da mordida?
Nós humanos temos que lidar diariamente com este dilema, pois ao contrário dos outros animais temos consciência de nossa existência e temos que lidar com a repercussão de nossos atos na condução de nossas vidas. Mas apesar de sermos racionais, ainda não abandonamos nosso lado animal e continuamos tendo impulsos, instintos e vontades que nos estimulam a realizar o prazer imediato. Nosso lado racional entra em campo às vezes para ser o estraga prazer, com a finalidade de preservar um bem maior, evitar um desprazer ou ter uma recompensa maior. Mas nem sempre esse lado racional predomina.
Vou dar exemplos de dilemas decisionais que acredito que todos já passaram. O primeiro deles é de aspecto econômico: compro aquilo que tenho vontade na hora ou guardo para comprar algo mais significativo no futuro? Outra situação é: realizo meu desejo de me envolver num relacionamento extraconjugal, correndo o risco de ser descoberto, ou preservo meu relacionamento e todos os benefícios de uma união duradoura? Por fim dou o exemplo da comida: realizo meu desejo de comer aquele bolo de chocolate ou me privo dele para poder estar mais magro(a) para o verão?
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Muitos querem (sem sucesso) ter os dois. Então, para fazermos escolhas melhores, não podemos e nem devemos negar nosso lado animal. Porém, já que desenvolvemos intelecto, é bom usar eventualmente. Postergar o prazer não é tarefa fácil pelo fato de o futuro ser incerto, assim como a recompensa. Além do mais, temos um sistema cerebral que busca prazer, tornando essas decisões mais difíceis ainda.
Talvez nosso desafio seja equilibrar o prazer imediato com privações que possam nos dar recompensas maiores no futuro. E isso é possível com alguns pré-requisitos. O primeiro é a educação. Desenvolver nosso cérebro é o que faz tomarmos as melhores decisões. Acrescento aqui ter saúde mental. Transtornos psiquiátricos (incluindo a dependência química) alteram totalmente nossas escolhas, aumentando a busca por prazer imediato ou nos tornando incapazes de termos prazer.
Não há uma resposta certa e definitiva para todas as escolhas, nem tampouco é possível sermos sempre racionais e objetivos nas decisões que tomamos. Mas devemos tentar não ceder aos primeiros impulsos, pois esses buscam o prazer a qualquer preço. E isso pode sair caro num futuro breve.
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