Com as principais empresas multinacionais do setor fumageiro instaladas, Santa Cruz do Sul se consolida como um polo industrial no Rio Grande do Sul. No entanto, não é só de grandes indústrias do tabaco que o município sobrevive. Por aqui, a metalurgia, a alimentação, a borracha, entre outros segmentos, também sustentam a economia. Das cerca de 800 indústrias registradas na Secretaria Municipal da Fazenda, apenas 12 são do setor fumageiro.
Em 2016, as indústrias foram responsáveis por 68% do retorno do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para Santa Cruz. As empresas que não têm o tabaco como carro-chefe representaram 20% desse montante. No ranking das 30 maiores empresas em participação no Valor Adicionado Fiscal (VAF) – indicador que calcula a diferença de entrada e saída de valores –, 12 são da indústria em geral, seis do tabaco e 12 de comércio e serviços.
Mesmo com o cenário de dificuldades financeiras que, nos últimos anos, perturbou grande parte dos empresários, Santa Cruz mostra uma nova realidade. De 2015 para 2016, a maior empresa metalúrgica do município, a Mor, alavancou a participação na economia do município: saltou de 1,94% para 6,02%. Para este ano, a empresa projeta 24% de crescimento no seu faturamento.
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DNA e diversidade
Na avaliação do secretário de Desenvolvimento Econômico, Cultura e Turismo, Flávio Bender, a diversidade de indústrias e o sucesso delas impacta em todos os setores da economia. “Santa Cruz tem o DNA voltado para a indústria. E quando ela vai bem, o comércio e os serviços também se tornam mais fortes porque há emprego e renda.” Ele acrescenta ainda a representatividade na geração de empregos. “É importantíssima a diversidade industriária que temos. Embora a liderança de participação econômica ainda seja do tabaco, a empresa que mais emprega em Santa Cruz é do setor metalúrgico.”
Conforto à beira-mar
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O verão está chegando e, provavelmente, nos próximos dias o destino da maioria dos brasileiros será o litoral. Os roteiros serão diversos, de acordo com o bolso e a preferência do turista. Mas, de Norte a Sul do País, alguns itens serão indispensáveis para quem estiver na beira do mar: cadeira e guarda-sol. E, apesar de existirem outras fábricas desses produtos, a Metalúrgica Mor é hoje uma referência no mercado nacional.
A empresa iniciou suas atividades em Santa Cruz do Sul há 55 anos, com uma linha de semeadeiras manuais. Ao longo do tempo, acrescentou diversos produtos ao rol de fabricação e hoje conta com 1,3 mil artigos em linha. Entre os principais estão acessórios de praia, piscinas, varais, térmicos e isotérmicos. Eles são exportados para a Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile, Panamá, Peru, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Colômbia.
Com três unidades localizadas no Distrito Industrial, em Santa Cruz do Sul, e outra em São Paulo, a Mor projeta um crescimento de 24% do faturamento para este ano – em 2016, foram R$ 613,5 milhões, e agora a previsão é de R$ 761,1 milhões. Contudo, além do retorno financeiro que deve gerar por meio de impostos, a responsável pelo setor de Inovação e Marketing, Julia Carla Backes, ressalta que a empresa também emprega 2 mil funcionários diretos e outros 500 indiretos.
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Com quase 100 anos, empresa aposta em novo conceito para se manter
Empresa quase centenária em Santa Cruz do Sul – já são 93 anos de história –, a Mercur ainda projeta se manter ativa no mercado por um longo período. Para isso, há dez anos iniciou um processo de transformação. O objetivo agora é promover a sustentabilidade, tanto da indústria quanto do meio ambiente e de seus colaboradores. “Não temos uma meta, temos um propósito, que é participar da construção de um mundo, de um jeito bom para todo mundo. Antigamente se trabalhava com metas específicas, numéricas. Hoje não”, explica o facilitador e membro do Conselho de Administração, Jorge Hoelzel Neto.
A Mercur emprega cerca de 720 pessoas, das quais 680 em empregos fixos. A maioria dos funcionários é do município e da região. De acordo com Hoelzel, entre as mudanças estabelecidas na última década está a qualidade de vida dos colaboradores. Enquanto a maioria das empresas trabalha com uma carga horária de 220 horas por mês, a Mercur reduziu para 180 horas por mês.
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No entanto, como toda instituição, a Mercur também foca no mercado. Hoje, seus principais produtos são das linhas de educação – borracha de apagar, corretivo líquido e tinta guache – e de saúde – bolsa de água quente e de gel, gel condutor para exames, órteses, neoprene, elásticos, bengalas, muletas e andadores. No Brasil, ela está presente em todos os estados e, embora já tenha exportado para 30 países, atualmente comercializa apenas para o Uruguai, Paraguai e Peru – mudança que também faz parte da nova política adotada pela empresa.
Empresa santa-cruzense continua no mercado com produtos feitos a partir da borracha há 93 anos
(Foto: Rodrigo Assmann)
Caminhões de bombeiros são produzidos em SCS
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O salvamento não tem limites geográficos. Mesmo em outro continente, o equipamento utilizado para combater incêndios e socorrer vítimas pode ser de origem santa-cruzense. Há quase 30 anos, uma empresa de Santa Cruz do Sul fabrica os veículos usados por bombeiros, equipes de brigada e resgate de diversas partes do mundo. Embora pouca gente saiba, é daqui que sai a tecnologia e estrutura prontas para salvar vidas.
Com um quadro de 82 funcionários, a Mitren, localizada no Distrito Industrial, está presente em países da América Central, América do Sul e África. Em 2015, ela esteve entre as 30 maiores empresas em participação no Valor Adicionado Fiscal (VAF) do município. A Mitren fornece veículos de combate a incêndios para todos os Corpos de Bombeiros do Brasil, indústrias químicas e petroquímicas, montadoras de automóveis e caminhões, mineradoras, portos, aeroportos, empresas de celulose, entre outros mercados.
Jogada de mestre: Imply na Copa do Mundo
Em 2014, milhares de turistas estrangeiros utilizaram, sem saber, a tecnologia de Santa Cruz do Sul. Para entrar em nove das 12 arenas construídas para a Copa do Mundo ou em tantos outros estádios, precisaram ser liberados por um sistema desenvolvido no município. A Imply foi a principal fornecedora do controle de acessos para o evento. Seja para comprar os tíquetes ou passar pelas catracas, a inteligência daqui esteve presente.
O mesmo vai acontecer com os cerca de 4,7 milhões de passageiros diários do metrô de São Paulo, que utilizarão terminais da empresa santa-cruzense nos próximos dias. O contrato público de R$ 24 milhões foi fechado recentemente, e a Imply espera entregar as unidades dentro de um mês. A produção toda é feita na unidade às margens da RSC-287. Mas fora esse contrato milionário, outros bons ventos sopram para a empresa. Conforme já foi adiantado pela Gazeta do Sul nesta semana, a Imply vai transformar uma de suas unidades de negócios, a de controle de acessos, em uma nova empresa a partir de janeiro do ano que vem. O investimento inicial será de R$ 11 milhões.
No rol de produtos da Imply estão boliches, games, placares eletrônicos, painéis móveis de energia solar, painéis fixos de uso em rodovias e terminais de emissão de ingressos e passagens. De acordo com o empresário Tironi Ortiz, o mercado externo da empresa abrange países como Marrocos, Estados Unidos, França, Colômbia, Suécia, Portugal, México, Uruguai, Paraguai e Chile. Para dar conta da demanda, a Imply emprega 198 funcionários.
Tecnologia desenvolvida em Santa Cruz está instalada em nove arenas utilizadas na Copa de 2014
(Foto: Divulgação/Imply)
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