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ENTREVISTA

“Posso ser medido pelo meu trabalho”

Foto: Alencar da Rosa/Banco de Imagens

Em meio a um clima de polarização sem precedentes na democracia brasileira, 156,4 milhões de pessoas vão às urnas neste domingo, 2, com o resultado ainda em aberto nas eleições. A votação vai das 8 horas às 17 horas. Com a decisão de uniformizar o horário em todo o País, a expectativa é de que a apuração seja concluída mais cedo do que em anos anteriores.

Os candidatos Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) disputam o segundo turno nas eleições estaduais após confirmação de um cenário muito diferente do que se esperava. Onyx liderou as apurações, alcançando 37,50% dos votos válidos, enquanto que Leite, apontado como favorito durante toda a campanha, travou uma batalha pelo segundo lugar com Edegar Pretto (PT) que se estendeu até o último instante da apuração. Ao fim, Leite teve 26,81% e Pretto alcançou 26,77%.

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Os jornalistas Pedro Garcia, Maria Regina Eichenberg, Leandro Porto e Ronaldo Falkenback entrevistaram, nesta semana, os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. As entrevistas exclusivas, com duração de 25 minutos, foram veiculadas na Rádio Gazeta 107,9 FM.

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Entrevista – Eduardo Leite (PSDB)

  • O senhor decidiu não se posicionar em relação à disputa presidencial. Não achas que, diante de um momento tão importante para o país, os eleitores deveriam ter o direito de saber o seu voto?
    Eu posso ser medido pelo meu próprio trabalho. Fui governador, fui prefeito, tenho uma história. No próximo domingo, nós temos duas eleições, não é uma só. Não é pacote fechado, não é voto casado, e o primeiro voto é para governador. Nenhum dos dois candidatos que polarizam nacionalmente vão estar aqui no Palácio Piratini nos próximos quatro anos. Quem vai estar lá é o governador. O meu adversário insiste em tratar da eleição nacional. Quer muito falar de Brasília porque pouco tem a falar de Santa Cruz, de Vera Cruz, de Sinimbu, de Rio Pardo. O Brasil é importante, mas o Rio Grande também é. Não podemos desviar do debate local. É pra discutir o Rio Grande que deixo de me manifestar sobre a eleição nacional.
  • O senhor acredita que vai conseguir capitalizar a maior parte dos votos que foram dados à esquerda no primeiro turno para conseguir reverter a ampla vantagem do seu adversário?
    Ninguém tem votos guardados em uma gaveta ou em cofre. Tivemos votos naquelas circunstâncias. Um primeiro turno com oito candidatos, pouco se conseguiu debater efetivamente as questões do Rio Grande, era uma eleição cheia de informações. No segundo turno, temos uma nova eleição. Nem eu nem meu adversário tem votos, todos os votos estão em disputa. É agora que podemos comparar biografias, currículos, o que cada um fez. O meu adversário é aquele que renunciou à vacina e aceitou o caixa dois. Pouco se tratou disso no primeiro turno. Ele renunciou à ética e à cordialidade, é incapaz de dar um aperto de mão. Agora as pessoas vão percebendo quem é quem.
  • O senhor se comprometeu no segundo turno em levar ensino em tempo integral para 50% das escolas de Ensino Médio nos próximos quatro anos. É uma medida importante, mas tem um custo elevado. Como viabilizar?
    Temos 1,1 mil escolas de Ensino Médio. Isso significa sair de 18 escolas que hoje têm Ensino Médio em tempo integral para 550. Já temos um plano de ação organizado deste governo, que começa com a implantação já no ano que vem em 140 escolas. Temos mapeado o que precisa ser feito em termos de intervenções para ajustar as escolas em que se consegue rapidamente fazer a expansão. O Estado agora tem capacidade financeira. Quando assumimos o governo, os professores recebiam menos que o piso nacional do magistério e o Estado fazia um completivo. Agora, os professores recebem 10% a mais do que o piso. E pagamos em dia. Ainda é pouco, queremos avançar. Mas esse investimento do tempo integral é muito importante, inclusive, para colocar o itinerário profissionalizante. Vamos chamar as universidades comunitárias para oferecer cursos técnicos, tecnológicos e profissionalizantes aos nossos estudantes.
  • O Rio Grande do Sul chegou a assinar uma ação contra a redução do teto do ICMS dos combustíveis. O senhor, se eleito, vai tentar reverter essa redução, caso não haja a compensação que foi prometida pelo governo federal?
    O nosso compromisso com redução de impostos já é conhecido pela população. Muito antes de vir lei federal, já estávamos trabalhando na lógica de reduzir impostos. Quando eu assumi o governo, o imposto estava em 30% sobre a gasolina e o álcool. Nós conseguimos fazer reformas que reduziram nossas despesas e nos permitiram trazer o imposto para 25%. Reduzimos a alíquota básica de 18% para 17% e as alíquotas internas de ICMS de 18% para 12%. E acabamos com o diferencial de alíquotas, que era cobrado quando se comprava fora do Estado. Até criamos um programa de devolução do imposto para famílias de baixa renda. Aí vem o governo federal e força uma redução para 17%, e não regulamentou as compensações. O Estado entrou judicialmente exigindo que se apresente as contrapartidas, senão é a população que paga o preço do desajuste das contas públicas.
  • E como viabilizar investimentos no Estado, se o orçamento do próximo ano prevê um déficit de R$ 3,7 bilhões?
    Desses R$ 3,7 bilhões, R$ 2,2 bilhões serão eliminados se a União regulamentar a compensação das perdas do ICMS. Outros R$ 1,5 bilhão tem recursos em caixa, que estamos deixando dentro do plano de investimentos do programa Avançar. Esses investimentos estão com recursos assegurados, o dinheiro está guardado. Se não tivesse havido a forçação de redução de impostos pelo Congresso, teríamos assegurada a suficiência dos recursos.
  • No primeiro turno, o senhor defendia discutir a privatizado do Banrisul. Já no segundo, descartou essa possibilidade. Por que a mudança de posição?
    Não há uma mudança de posição. Nunca esteve no nosso plano de governo a privatização do banco. O que defendi foi que não seja um tabu. Diante das forças políticas que vão se somando a nós e pediram um melhor esclarecimento, assumi esse compromisso com clareza. Importante salientar que meu adversário também fala em não privatizar, mas ele, pelo que defende, vai quebrar o banco. Ele defende ser um governador dentro do banco, o que é uma irregularidade. Outros bancos já quebraram por interferência política. E ele já declarou que vai botar as mãos nas reservas do banco, o que é uma irresponsabilidade, porque é esse dinheiro que garante a liquidez do Banrisul.
  • Parece haver um consenso de que é preciso uma reforma para equilibrar as finanças do IPE Saúde, mas até agora ninguém apontou um caminho concreto. Como resolver isso sem penalizar os servidores com taxas mais altas?
    O nosso governo colocou em dia as contas da saúde pública com os hospitais e municípios. E seremos aqueles que vão colocar o IPE Saúde em dia com seus fornecedores e prestadores. O IPE tem uma receita que é auferida por um percentual descontado do salário dos servidores. Como o Estado não conseguiu fazer reajustes aos servidores nos últimos anos, o IPE também não teve reajuste. E as despesas cresceram muito mais do que a inflação, sobretudo após a pandemia. Os planos de saúde privados aumentaram em torno de 20%, o IPE Saúde continuou cobrando a mesma coisa. É necessário, sim, que se promova uma revisão na forma de cobrança. Não para cobrar mais simplesmente, mas para ter uma cobrança justa, de acordo com o perfil de cada usuário, como acontece nos planos privados. Vamos manter o IPE Saúde público, mas ele precisa estar forte e saudável.
  • A privatização da Corsan teve início, mas ainda não foi concluída. O senhor tem segurança de que esse é o melhor caminho e os consumidores não serão penalizados com tarifas mais altas?
    Pelo contrário. É justamente para podermos garantir os investimentos e tarifas mais controladas que estamos encaminhando com urgência a privatização. Tem uma lei que estabelece a obrigatoriedade de ter mais de 90% do esgoto tratado em 2033. Quanto mais apertado ficar esse prazo, maior será o volume de investimentos que terá de ser feito anualmente e isso impactaria na tarifa para os usuários. É justamente para manter um custo menor que temos urgência, para que a Corsan possa triplicar os investimentos que faz anualmente. É um caminho responsável e seguro.
  • O senhor disputou as prévias do PSDB e chegou a renunciar ao governo em março deste ano para viabilizar uma candidatura presidencial. Cogita repetir esse movimento em 2026?
    Não, não cogito. Me movimentei em março porque a lei eleitoral me exigia isso, para que eu pudesse concorrer a outro cargo, não necessariamente o de presidente. Como naquele momento não estava definida minha vida política, fiz aquele movimento. Mas tenho clareza e absoluta consciência de que o mais importante é cuidar do nosso Rio Grande e garantir que não haja nenhum retrocesso, como o que representa meu adversário.

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