Após cinco dias de trabalho para recuperação dos estragos causados pelo temporal que atingiu Porto Alegre na última sexta-feira, 29, alguns dos principais parques da capital gaúcha continuam devastados. Os parques Harmonia e Marinha do Brasil, que ficam à beira do Guaíba, de onde vieram os ventos, foram os mais atingidos: a prefeitura estima que pelo menos 50% das árvores desses locais foram totalmente destruídas.
Segundo o secretário de Meio Ambiente de Porto Alegre, Mauro Moura, a recuperação dos parques ainda não começou porque a prioridade é garantir o funcionamento dos hospitais e do trânsito e o fornecimento de eletricidade e de água para a população. O trabalho nos parques deve começar dentro de três dias, em um esforço que deverá durar mais de um mês. Enquanto isso, o secretário pede que a população evite os parques. “Existem muitas árvores que ainda estão fragilizadas, com galhos pendurados que podem cair a qualquer momento.”
Mesmo assim, algumas pessoas correm o risco. A estudante Eliane de Oliveira, que costuma fazer caminhadas no Parque da Marinha, foi ao local na tarde desta quarta-feira, 3, para fotografar os estragos: “Estou chocada. Aqui nessa parte, havia um túnel de árvores que era muito lindo, e agora simplesmente não existe mais. Aquele poste de metal tem 3 toneladas e meia e está no chão, retorcido como se fosse papel.”
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O atleta Flávio Torres também frequenta o Parque da Marinha, onde faz musculação. Muitos dos equipamentos que ele usava foram atingidos por uma árvore que caiu com a força dos ventos. “Ali era bom de treinar porque fazia sombra. Agora só podemos utilizar os outros equipamentos, que estão nesse sol de quase 40 graus”.
Na região central da cidade, os estragos no Parque Farroupilha (ou Redenção) chamam a atenção das pessoas. Durante o dia, vários motoristas encostam os veículos na Avenida João Pessoa para tirar fotos da devastação. Segundo a prefeitura, 20% das árvores do parque local foram destruídos pela tempestade.
A autônoma Raquel Serrano, que mora na área rural de Porto Alegre, também foi até a Redenção para tirar fotos, que pretende enviar aos amigos que estão na praia e não viram os estragos. Raquel estava acompanhada do filho Cristiano, de 11 anos, que ficou emocionado com o que viu: “fico muito triste, porque a minha mãe me traz aqui desde criancinha, e isso mexe comigo. Estou sem palavras.”
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Outras pessoas que passaram pela Redenção acreditam que a destruição causada pela tempestade poderia ter sido minimizada pelas autoridades. A professora Deise Meneghel afirmou que os estragos são a prova de que Porto Alegre está despreparada para esse tipo de evento. “Algumas árvores já estavam com risco de cair, e nenhuma providência foi tomada”.
O secretário Mauro Moura, no entanto, disse que a maioria das árvores estava em bom estado. “Mesmo árvores jovens e fortes foram arrancadas pela raiz. Infelizmente, não podemos fazer nada para nos defender de ventos que ultrapassam os 100 quilômetros por hora.”
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