Até o final dos anos 50, na maioria das cidades, era comum as famílias manterem chiqueiro com um ou dois porcos na engorda. Depois, surgiram os planos diretores, que proibiram esta prática nas áreas mais centrais. Mas nos bairros, muitos ainda criavam estes animais na década de 60.

O leitão era comprado na colônia, confinado em um chiqueiro nos fundos do terreno e alimentado até ficar gordo. Quando estava próximo do ponto de abate, era adquirido outro.

Havia vizinhos que criavam em conjunto. As sobras de comida, legumes e frutas serviam de alimentação para o animal. A “lavagem” ainda ganhava reforço de milho, aipim e outros. Quando o bicho era abatido, dividia-se a carne e a banha. Amigos que eventualmente forneciam sobras para a “lavagem”, recebiam um naco de carne.

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O dia da carneação era especial e envolvia várias pessoas. Lá pelas cinco horas da manhã, os proprietários esquentavam muita água em um fogão improvisado na rua. O bicho recebia um banho e era abatido com um golpe certeiro na carótida. Depois, ficava pendurado pelas patas traseiras, até o sangue escorrer para uma vasilha.

O porco era então colocado sobre uma mesa, bem lavado com escova e água fervente, e tinha os pelos raspados. Aí era aberto e as partes separadas. Uma turma trabalhava na fabricação da linguiça e da morcilha branca e preta (feita com sangue).

A gordura, para produção da banha, era frita em um tacho. A sobra resultava no torresmo (criba). Uma parte do couro com a gordura por baixo ficava reservada para o toucinho.

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Quem não tinha refrigerador, fritava a carne e a conservava dentro da banha, por vários meses. As crianças vibravam em dia de carneação e queriam ajudar nas tarefas. Mas como no local havia muitas facas, serrote, fogo e água fervente, a participação acabava limitada.

Foto: Divulgação
Porco Duroc, de Henrique Glesse, foi abatido com 451 quilos
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