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Por quem os sinos dobram?

Este clássico livro do Ernest Hemingway tem como pano de fundo a Guerra Civil Espanhola, com seus dilemas morais, narrativas, atos de heroísmo, amores e, infelizmente, mortes. Livro inspirado num poema de John Donne com a célebre frase: “E por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”, reforçando a ideia que a morte de qualquer pessoa é a morte da Humanidade.

Estamos novamente envoltos num situação que escancara o descompasso entre a realidade da população e os mandos e desmandos dos governantes eleitos e os “governantes” jurídicos. Presos neste imbróglio estão milhares de famílias e suas crianças, profissionais da educação (sem emprego garantido), gestores de escola e funcionários. Estamos numa verdadeira guerra de narrativas, ideologias e política. Nada mais tem a ver com ciência.

Nesta guerra que se desenrola desde março de 2020, todas as aulas foram suspensas, com indignação de poucos (como eu) e apoio de muitos. O tempo passou e as evidências científicas mundo afora que evidenciavam o pouco impacto da suspensão das atividades escolares na pandemia foram sumariamente ignoradas pelos gestores públicos estaduais e municipais. Mesmo diante da enxurrada de impactos negativos da suspensão escolar (fome, violência, suicídio, depressão, evasão escolar, criminalidade, abusos físicos e sexuais e morte), nada demove os apoiadores do fechamento das escolas de mantê-las fechadas.

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Fica evidente que o governador do Rio Grande do Sul, que não tem filhos, está preso dentro de sua própria criação frankensteiniana. Em suas planilhas de excel, sistema de bandeiras, regras, cálculos, dados, estatísticas e ambições políticas, ele se perdeu no labirinto e não consegue sair. E para complicar, qualquer entidade, partido político ou sindicato pode fazer suas demandas ao Judiciário, que tem o poder monocrático de sobrepor-se às decisões do poder eleito pelo povo para governar (bem ou mal). Tanto na esfera federal quanto estadual e municipal, percebemos que só há um poder de fato. Os outros dois poderes (eleitos) são meros coadjuvantes menores. Bem menores. E amedrontados. Rapidinho cancelam decretos, retiram leis e desfazem atos.

Como médico psiquiatra me chama a atenção que esses agentes públicos são totalmente desconectados da realidade da população. Vivem em suas bolhas sem nenhuma empatia com os demais. Onde eles acham que suas empregadas, professoras particulares, babás, porteiros, motoboys de telentrega, segurança armada privada e equipe médica deixam seus filhos? Trancados no armário? A desfaçatez do Poder Público diante do fato que as crianças estão aí jogadas entre o abandono de incapaz, familiares, avós, vizinhos ou escolinhas clandestinas é aviltante. Perdendo um momento único de aprendizado no desenvolvimento cerebral que nunca mais volta. Prejudicados para a vida.

Respeito, empatia, bom senso e Educação… os sinos dobram por ti. E com a morte delas, morremos todos.

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