Que isso não soe como repreensão, mas um convite à reflexão. Sei que temos razões as mais diversas que nos impossibilitam de estarmos presentes em todos os ambientes e de atendermos a todos os convites porque conflitam com outras obrigações que se empilham e que não podemos postergar.
Também sei – e já me utilizei deste subterfúgio muitas vezes – que é mais confortável e cômodo ficar em casa e “deixar essas coisas” para os outros discutirem, apreciarem, decidirem. Afinal, nos desculpamos, tem gente que é paga para resolver nossos problemas. Até que o mundo começa a desmoronar. Ou submergir. Quando abrimos os olhos, no lugar da consciência, o instinto da autopreservação se sobrepõe: como deixaram isso acontecer? Por que não resolvem isso e aquilo?
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Você pode relacionar um leque de cenários trágicos de nosso cotidiano: estiagens que recrudescem ano a ano, enxurradas e enchentes que deixam rastros de destruição, um trânsito que assusta, a insegurança que se dissemina na cidade e no interior, o tráfico e a droga que saíram de controle e tantas coisas mais.
Em qual desses cenários nos enxergamos como atores e não meros espectadores? Essa é a questão.
Terça-feira da semana passada. Muitos reclamam, reivindicam, sugerem, mas poucos compareceram a um debate da mais alta importância sobre “os desafios da mobilidade urbana”, promovido pelo Projeto Gerir, da Gazeta Grupo de Comunicações. Como se o tema não impactasse a vida das pessoas. Você, eu, todos queremos fluidez, segurança, organização. Mas isso não depende só do Poder Público.
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Aliás, reconhecimento à administração municipal, que colocou esta questão entre suas prioridades. Nem vou falar de grandes obras projetadas ou já em execução, como o viaduto da Euclydes Kliemann, a duplicação do trecho urbano da BR-471 e outras. Vejo um governo municipal realmente preocupado em dotar a cidade com um sistema viário que proporcione qualidade de vida, agilidade, infraestrutura e segurança aos cidadãos.
Mas vamos convencionar: a continuar a multiplicação de veículos nas ruas no ritmo que estamos acompanhando, haverá estrutura que suporte o fluxo de trânsito daqui a dez anos, por exemplo?
Esta foi a tônica do painel sobre mobilidade. A resposta remete a uma única alternativa: resgatar o transporte público e torná-lo sustentável e atraente aos usuários. Como fazer isso se os custos estão em alta, a tarifa está congelada e o número de usuários caiu de forma acentuada?
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Um painelista, empresário do setor, surpreendeu a todos: invertendo a lógica convencional, propôs a redução da tarifa para que o transporte público se torne economicamente convidativo e venha a atrair mais usuários. Em consequência, haveria menos veículos nas ruas, mais fluidez, menos impacto sobre a conservação das vias de circulação.
Ou seja: o que se deixaria de gastar com mais asfalto sobre pistas deterioradas pelo excesso de tráfego poderia subsidiar uma tarifa abaixo da atual. E teríamos um diferencial em relação às demais cidades: uma mobilidade realmente humanizada. É de se pensar seriamente sobre isso.
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