Talvez você conheça por preguiça, vagabundagem ou desleixo. Outros conhecem como pateta, moscão e estrupício. Ou ainda pode ser praga, demônio ou capeta. Pois bem, na grande maioria das vezes não é nada disso. Os adjetivos acima são erroneamente empregados para descrever pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (mais conhecido como TDAH), tanto em crianças como em adultos.
O TDAH é um transtorno psiquiátrico que acomete em torno de 1 a cada 12 crianças ao longo da vida escolar. Metade delas vão manter este transtorno na vida adulta. Ou seja, é bastante gente. Infelizmente a maioria não é diagnosticada ou recebe o diagnóstico e não faz o tratamento adequado, seja por medo ou por desconhecimento dos pais.
O tratamento para o TDAH consiste de psicoterapia e medicação. Ambas. Quando se fala em medicar crianças, a maioria dos pais arrepiam. Mas no caso desse transtorno, a medicação se faz necessária e, via de regra, isso costuma ser tranquilo. Muitos tentam “tratar” sem remédio, o que normalmente leva a um desgaste absurdo das relação entre pais-filhos-escola e um agravamento das consequências negativas do TDAH.
Publicidade
Mas que consequências tão negativas são essas? Por que devemos tratar o TDAH quando diagnosticado? Baixo rendimento escolar, reprovação e evasão escolar estão intimamente ligados com o transtorno. Acidentes de carro/bicicleta, quedas, fraturas e traumatismos cranianos são relacionados com TDAH. Criminalidade, violência e gravidez precoce não planejada também. Dependência química (principalmente maconha e cocaína), depressão, ansiedade e suicídio acompanham esse transtorno.
Isso tudo leva a uma vida menos produtiva, com menores índices de emprego e renda, com baixa autoestima, estigmatização social e muito sofrimento. Isso quando não termina em crime, violência e morte matada ou morrida. Obviamente que ter TDAH não condena ninguém a tudo isso, mas aumenta o risco, principalmente para quem não trata. Mas muitas pesquisas mostram que o tratamento adequado reduz consideravelmente a chance desses desfechos negativos.
Há efeitos colaterais dos medicamentos utilizados no TDAH? Eles são tarja-preta? Sim, há alguns efeitos colaterais (perda de apetite, insônia, irritação, dor de cabeça) e eles são controlados (é tarja-preta mais por controle do que por perigo). Mas nenhum desses motivos costuma ser superior aos problemas advindos do não tratamento.
Publicidade
Você ou seu filho estão tendo dificuldades de dar conta do recado? Começam e não terminam? Tiram vocês para aqueles adjetivos do início do texto? Não se lembra do início do texto? Cai, quebra e esquece coisas? Roda e é expulso? Nunca dá certo no emprego e é demitido? Você pode ter TDAH. Procure ajuda.