Por que os guarda-vidas estão saindo das praias?

Os balneários nos rios da região deveriam ter guarda-vidas todos os dias até março. Os principais estão incluídos na Operação Verão. Porém, a Praia dos Ingazeiros, em Rio Pardo, está desguarnecida. O motivo é a falta de pagamento das diárias, que até o ano passado eram cobertas. Com isso, alguns pedem desligamento da função alegando problemas familiares e de saúde. Para trabalhar, precisam bancar custos com alimentação e transporte.

Segundo o Código de Vencimentos da Brigada Militar (lei 6.196/1971), no artigo 29, as diárias não serão abonadas quando a distância da sede for inferior a 50 quilômetros. Como a 1ª Companhia do 6º Batalhão de Bombeiro Militar fica em Santa Cruz do Sul, a distância em relação aos balneários de Rio Pardo não chega ao limite previsto na lei. Mas no item D do artigo 29 está especificado que são necessário meios acessíveis de transporte interurbano para o destino, o que não aconteceria neste caso.

Uma questão levantada por um guarda-vidas, que preferiu não ser identificado, é o pagamento destinado aos fiscais, que está disponível no Portal da Transparência. Os valores ficam em R$ 922,43 (oito dias), R$ 1.168,41 (dez dias) e R$ 2.152,33 (18 dias). O detalhe é que o destino informado é Cachoeira do Sul, o que ultrapassa a marca de 50 quilômetros. “Na verdade, eles aparecem só de vez em quando. Ficam praticamente o tempo todo em Santa Cruz. Os valores são lançados como se estivessem fazendo diárias corridas”, revela. Para que as diárias fossem pagas da maneira correta, o deslocamento precisaria ser superior a oito horas, o que não acontece. Essa questão está explicitada no item E do artigo 29.

Outro problema é a falta de veículos para deslocamento em caso de ocorrências. Se algum banhista se afogar, por exemplo, não há como fazer o transporte imediato até o hospital. Um veículo estragou e não há previsão de manutenção. “Enquanto isso, outras viaturas em condições ficam paradas no pátio em Santa Cruz”, afirma o guarda-vidas. Ele também salienta que há uma guarnição excessiva em Vale Verde e Cachoeira do Sul. “São três no balneário Monte Alegre e outros três na Praia Nova. Eles poderiam ser remanejados para onde há mais demanda”, avalia.