O fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecer nas pesquisas eleitorais mesmo estando preso na Polícia Federal de Curitiba vem gerando debates acalorados e intrigando o eleitor mais atento. Nesta semana a Rádio Gazeta AM entrevistou o diretor do Instituto Methodus, José Carlos Sauer, que explicou os motivos pelos quais o petista ainda consta nas sondagens eleitorais.
“Lula não foi julgado e condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele é o pré-candidato do Partido dos Trabalhadores. Nós temos que incluí-lo nas pesquisas. Se ele é o pré-candidato, precisa estar em uma simulação”, resumiu, ponderando que o Methodus e demais institutos também simula cenários sem Lula. “Colocamos o nome de Fernando Haddad, que seria a segunda opção do PT. Fornecemos dois cenários de forma isenta”, completou.
Sauer também destaca que legislação criminal é uma coisa e legislação eleitoral é outra. “A partir de quando for candidato oficial registrado, se for, Lula deverá constar obrigatoriamente nas pesquisas. Se não for oficializado, não poderá constar. Neste momento, olhamos para o mercado político e identificamos os pré-candidatos lançados pelos partidos. E então colocamos esses nomes, como é o caso do Lula”, finalizou.
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De acordo com o PT, que considera injustas a condenação e a prisão do ex-presidente, “a liberdade de Lula tornou-se questão central para a retomada do processo democrático no Brasil”. O PT reafirma que Lula “é a única alternativa do partido para a disputa presidencial”. Ainda em junho, o colunista da Gazeta do Sul, Astor Wartchow, que é advogado, escreveu um artigo para comentar a presença de Lula nas pesquisas.
Entenda
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O ex-presidente foi preso no dia 7 de abril condenado em segunda instância no caso do triplex em Guarujá, no litoral paulista. A pena definida pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre, é de 12 anos e um mês de prisão, com início em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse que condenados em segunda instância não podem registrar a candidatura. O pedido de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve ser feito até 15 de agosto pelo PT. Até que o TSE julgue a chapa, Lula poderá aparecer na propaganda eleitoral, que começa em 16 de agosto.
Como a validação das candidaturas costuma demorar algumas semanas e a campanha deste ano é curta (45 dias), o rosto do petista pode até aparecer nas urnas em 7 de outubro. Mas caso o TSE venha a optar por negar o registro da candidatura depois do pleito, os votos seriam zerados. Outra possibilidade para o partido é levar ao último prazo a data para troca de candidato, que pode ser feita até 20 dias antes do primeiro turno da eleição. Assim, o PT pode lançar Lula em agosto e, se a candidatura for barrada pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa, substituí-lo por outro candidato a poucos dias do pleito.
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