Após a morte de Tarcísio Meira, na última quinta-feira, o debate sobre a eficiência das vacinas contra a Covid-19 reacendeu mais uma vez. Isso porque o ator estava com as duas doses do imunizante desde março deste ano, e ainda assim desenvolveu um quadro grave e acabou falecendo em decorrência das complicações da doença. Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, a professora Andreia Valim, que é doutora em biologia molecular e celular, explicou que a resposta imunológica é diferente em cada indivíduo e tende a ser menor conforme o avanço da idade.
“O que pode acontecer com as pessoas idosas é elas responderem de uma forma menos ativa. Conforme o nosso corpo vai envelhecendo, entramos numa situação chamada imunossenescência. Com isso não quero dizer que os idosos não vão responder a uma vacinação; respondem sim e ela protege. Mas não é a mesma coisa em comparação a uma pessoa mais jovem”, enfatiza Andreia. Ainda assim, a especialista reforça a importância das vacinas e orienta que ninguém deixe de se imunizar.
“É importante a gente perceber: a vacina é supereficaz, ela funciona, mas não em 100% dos casos. Existem algumas situações porque depende como a pessoa está, da sua resposta imunológica e, principalmente, do quanto nos expomos ao vírus”, ressalta Andreia. Ela acrescenta que todos esses fatores precisam ser considerados ao se analisar a resposta das vacinas na população.
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Ainda em relação à exposição, Andreia Valim salienta que é necessário manter os cuidados mesmo depois de receber a imunização, pois ela é mais uma camada de proteção. “A vacina ajuda a gente a armar a nossa defesa, e isso depende do nosso organismo e da nossa capacidade de responder bem imunologicamente, mas ela depende também do nível de exposição ao vírus”, afirma. Segundo Andreia, quanto maior a exposição a ambientes não ventilados, com pessoas estranhas à rotina, sem o uso correto da máscara e sem higienização das mãos, maior a brecha nas defesas e a chance de contrair a Covid-19 de uma forma mais grave.
Essa preocupação com a exposição aumentou com a chegada e disseminação da variante Delta no Rio Grande do Sul. Essa nova cepa, identificada originalmente na Índia, possui maior transmissibilidade e carrega uma maior carga viral. “Eu acredito que vai ser inevitável a transmissão (da Delta) aqui na nossa comunidade, mas quanto mais imunizados nós estivermos, melhor vai ser a resposta e menos casos positivos nós vamos ter.”
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Ao comentar sobre a cadeia de transmissão do vírus, a especialista lembrou que as pessoas mais jovens precisam estar atentas aos cuidados para evitar a transmissão da doença aos idosos, especialmente agora em função da variante Delta. Isso porque a ampla maioria dos idosos foi imunizada com a Coronavac e ainda não há estudos que comprovem a eficácia dessa vacina contra a nova cepa. O Instituto Butantan está com uma pesquisa em andamento e já comprovou a eficácia com testes in vitro (controlados em laboratório). Agora, realiza estudos em pessoas.
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“As pessoas mais idosas precisam ficar muito atentas porque nós ainda estamos avaliando como as coisas vão acontecer com esse imunizante, que é extremamente importante e funciona contra outras variantes. Protege contra a P.1, nós vemos isso, porque temos poucos casos positivos, mas contra a Delta ainda buscamos evidências. Por isso, o cuidado é muito necessário”, diz Andreia.
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Como exemplo do sucesso da vacinação para conter a Covid-19, Andreia Valim citou o exemplo dos Estados Unidos. Naquele país, conforme os dados do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), pessoas não vacinadas correspondem a 97% das internações e 99% dos óbitos causados pela doença. “Para quem se imunizou a chance de ir a óbito é de 1%, ou menos, e a chance de internação pela variante Delta é de menos de 3%. Isso reforça que é por meio da imunização que nós vamos conseguir controlar a pandemia e voltar para a nossa vida normal, que é o que todo mundo quer.”
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