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Por dias melhores para Heloísa

No Ginásio de Linha Mangueirão, Silvia e as filhas Clara, Heloísa e Ana Cláudia, além do marido Danilo, encontram um novo refúgio

No Ginásio de Linha Mangueirão, Silvia e as filhas Clara, Heloísa e Ana Cláudia, além do marido Danilo, encontram um novo refúgio | Foto: Rafaelly Machado

Jornalista tem alguns privilégios e vivencia alguns dramas sociais na realização das pautas cotidianas, sobretudo, se estiver na editoria Geral, que, como o próprio nome sugere, cobre um pouco de tudo. Brinco, parafraseando alguém – que não lembro quem –, que somos especialistas em generalidades. No domingo, tive privilégio e vivenciei drama ao mesmo tempo. Acompanhando as cheias dos rios no Rio Grande do Sul, conheci a menina Heloísa. Ela nasceu com a enchente de setembro, literalmente. Veio ao mundo em Venâncio Aires, no dia 4, quando a casa de sua família fora atingida pelas águas, em Mariante.

Ah, pequena Heloísa, que nada sabe da vida a não ser o aconchego do colo e o alimento que veio do seio materno, e já viveu duas enchentes. Na primeira, salvou a vida da mãe ao agilizar a ida para o hospital um dia antes do Taquari invadir a residência; na segunda, conheceu de perto a sensação de estar em um lugar que não é seu, o Ginásio de Esportes. Indiferentemente do que lhe abriga, um dia, pensará como a homônima Heloísa (Rosa), que cantou: “Há um lugar onde as pessoas não me influenciam; há um lugar onde eu ouço teu Espírito; há um lugar de vitória em meio à guerra, esse lugar é no Senhor”.

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E por falar no Senhor, não dá para deixar de relembrar o Gonzagão, que suplicou uma parada do aguaceiro em seu amado Ceará: “Deus, será que o senhor se zangou; e só por isso o sol arretirou, fazendo cair toda a chuva que há”.

Os pedidos por mais água não ficaram restritos ao estado nordestino, conhecido pelas belas praias e grandes artistas. Na barranca do Rio Uruguai, Barbosa Lessa reproduziu a comemoração do balseiro que, vendo o manancial sair do leito, já preparava a guaiaca com o rendimento do trabalho. Bradou: “Oba, viva, veio a enchente, o Uruguai transbordou, vai dar serviço pra gente”.

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E por aqui, distante do Rio Uruguai e muito mais do Ceará, vimos neste ano as águas de março, que fecharam o verão com promessa de vida, feita pela dupla inesquecível Tom Jobim e Elis Regina, estenderam-se por todo o ano e, tudo indica, devem seguir nos primeiros meses de 2024. Veio muito mais do que a Chuva de Prata, da Gal Costa; veio como uma chuva de lama, de desespero, de transtorno, de perdas; veio para marcar a história de Heloísa e reforçar a necessidade de que sejam estudadas medidas para minimizar os efeitos dos fenômenos naturais; e que não fiquem, como completam Tom e Elis, como “a promessa de vida no teu coração”.

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