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CONVERSA SENTADA

Política e o abraço do afogado

Esperei deliberadamente o resultado das eleições, ao menos no primeiro turno, para expor minha tese, que até pode estar errada.

Desde já vou intitulá-la de “síndrome do abraço do afogado”.

Vou fazer uma breve digressão. Sempre tive muito cuidado com os banhos, tanto os do Fingerhut, no Rio Pardinho, como os das praias de mar.

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Por sinal só fui conhecer o mar aos 18 anos. Morador da Casa da Uesc, no Bom Fim em Porto Alegre, certo dia tomei um ônibus e rumei a Tramandaí para conhecer o mar. Chegado, me hospedei num hotelzinho de madeira. Tomei uma queimada tal que saíam bifes dos ombros e da testa.

Vi uma guria quase se afogando, alguém a salvou.

Sempre me falaram que a pessoa que não tem treinamento vai ao encontro de quem está se afogando e recebe um abraço de terror, de pânico, de medo, de estertor e acaba levando seu salvador para a morte.

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Vocês devem agora estar com a mão no queixo e se perguntando: “aonde ele quer chegar?”.

Na política.

Quem nunca se arrependeu após eleger um político? Na campanha tudo são flores, mas com o passar do tempo começam a aflorar, por vezes, as impropriedades. Desnudam-se falta de compostura, situações vexatórias, conflitos desnecessários, falta de noção sobre a liturgia do cargo.

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Muitas pessoas, mesmo vendo que o político a quem deram seu voto não correspondeu, esbarram nos sofismas. Por causa das brigas que tiveram até dentro da família, com vários amigos resolvem: “agora não posso parar de apoiar meu candidato”.

No caso das eleições para presidente, muitos de nós estávamos aflitos para afastar políticos nefastos. Passadas as eleições, desvelou-se um quadro preocupante. O nosso vitorioso começou a mostrar um certo desequilíbrio verbal. Ao contrário do que deveria fazer com os que o ajudaram, flechadas de reprovação, demissões imotivadas.

Vão correndo dias e meses e perduram certas atitudes incomodando nossa tábua de valores.

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De repente, tu expressas nas redes sociais teu desencanto. Imediatamente começam as censuras por ser um “traíra”. “Como é que passaste para o outro lado?” 

Mas que lado, cara-pálida? 

Eu acreditei, de boa fé, num projeto que me agradava.

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Pegou mal nosso presidente teimar em não parabenizar Biden. O pior foi “ameaçar” os USA com o grito de “ou é saliva ou é pólvora”. Não tem sentido a teimosia com as vacinas, assunto que cabe aos cientistas.

As premissas sobre as quais fundamentei meu apoio estão ruindo. 

***
Quero dar cumprimentos ao meu amigo Claudio Spengler, de quem recebi seu livro Viver sempre, autoextermínio nunca.

É grave o assunto suicídio.

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