A Secretaria Estadual da Saúde do Pará divulgou comunicado interno na última quarta-feira, 5, relatando a identificação do vírus da poliomielite nas fezes de uma criança de três anos do Pará. A criança, apresentou, semanas antes, uma Paralisia Flácida Aguda (PFA). A divulgação do documento nas redes sociais levou algumas pessoas a concluírem, erroneamente, que a doença voltou a ser registrada no Brasil após 33 anos.
As investigações da secretaria paraense e do Ministério da Saúde indicam, no entanto, que é provável que a criança tenha tido um evento adverso raro à vacina da poliomielite após uma aplicação inadequada. A doença, portanto, não está em circulação no Brasil, embora as coberturas vacinais estejam baixas e haja risco. Entenda o caso abaixo:
A Secretaria Estadual da Saúde do Pará identificou o poliovírus nas fezes de uma criança de 3 anos após ela apresentar, em 21 de agosto, febre, dores musculares, mialgia e quadro de Paralisia Flácida Aguda (PFA) com comprometimento e redução motora nas pernas cerca de 24 horas depois de receber a Vacina Oral contra a Poliomielite (VOP). A identificação do vírus nas fezes após a vacinação é esperada, mas o caso passou a ser investigado por causa dos sintomas apresentados pela criança.
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Não. Segundo o Ministério da Saúde, o caso pode estar relacionado a um evento adverso raro ocasionado por vacinação inadequada. Esse evento adverso é conhecido como poliomielite pós-vacinal. Não se trata, portanto, de poliomielite selvagem e o vírus não está em circulação no Brasil.
A principal hipótese é que a criança tenha sido vacinada com a VOP, que usa vírus atenuado (uma versão dele vivo, porém enfraquecido) sem ter recebido previamente as três doses da Vacina Inativada contra a Poliomielite (VIP), que deve ser tomada no primeiro ano de vida.
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Esse é o esquema recomendado pelo Ministério da Saúde porque a VIP é feita com o vírus “morto” e, por isso, tem menos risco de levar ao evento adverso raro e confere imunidade contra o vírus à criança antes dela ter o primeiro contato com a VOP, feita com vírus vivo atenuado. Como a criança recebeu a VOP antes de tomar a VIP, ou seja, sem nunca ter desenvolvido nenhuma proteção contra o vírus, ela pode ter desenvolvido esse evento adverso.
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Não, o caso ainda está em investigação e a Secretaria Estadual da Saúde do Pará não descarta outras hipóteses diagnósticas, como a Síndrome de Guillain Barré, que também causa paralisia.
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Sim, raríssimo, estima-se que para cada 1 milhão de crianças vacinadas, somente 3 ou 4 apresentarão a poliomielite paralítica associada à vacina. E esse risco é ainda menor em quem segue o esquema correto preconizado pelo Ministério da Saúde, ou seja, tomar as doses da VIP antes da VOP.
Sim, o último caso de poliomielite selvagem foi registrado em 1989 no Brasil e, desde 1994, o País recebeu a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem da Organização Panamericana da Saúde (Opas).
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Sim, e o cenário é preocupante no Brasil e em outros países por causa da queda da cobertura vacinal em todo o mundo. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 95% das crianças contra a doença, mas, neste ano, a taxa está inferior a 60%.
Segundo o calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI), todas as crianças devem receber três doses da Vacina Inativada contra a Poliomielite (VIP), que é injetável, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da Vacina Oral contra a Poliomielite (VOP), a “da gotinha”, aos 15 meses e aos 4 ou 5 anos. As vacinas estão disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os postos de saúde do País.
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