O Dia das Mães deste domingo, 9, poderia ter se transformado em uma data triste para a jovem Gabriela Queiroz de Brito, de 21 anos. Se há pouco mais de um mês ela viveu o maior momento de sua vida, quando a pequena Antonella Brito da Silva veio ao mundo, no dia 1º de abril, no Hospital Santa Cruz (HSC), na noite da última quinta-feira, 6, ela passou por alguns de seus piores momentos, ao ver a filha engasgada com leite materno.
“Era por 23 horas e ela tinha mamado. Vomitou um pouquinho e trancou. Ficou com o olho parado e começou a ficar muito escura, totalmente imóvel. Chamei minha mãe e meu padrasto, eles tentaram reanimar, bater nas costas e nada. Foi quando nós saímos para a rua gritando muito por ajuda, e o Go salvou ela para mim”, disse Gabriela, emocionada.
Go é o apelido do santa-cruzense Róbson Daniel Corrêa, de 26 anos. Ele, a esposa Diane Braga Jahn, também de 26, e o filho Riquelme Luca Corrêa, de 2, moram em frente à casa de Gabriela, na Rua José do Patrocínio, Bairro Senai. De folga, ele havia chegado em casa poucas horas antes, depois de um dia de trabalho na Penitenciária Estadual de Charqueadas (PEC). Go é policial militar temporário, lotado no 28º Batalhão de Polícia Militar (28º BPM).
Publicidade
Devido ao horário extenso de trabalho e cansado da viagem, jantou e logo foi dormir. Quem ouviu os gritos da família de Antonella foi a esposa, Diane, que estava na sala vendo televisão. “Pensei até que tivesse ocorrido alguma briga. Quando abri a porta, a Gabriela só disse: ‘Salva a minha filha’. Fui correndo chamar o Róbson”, contou Diane.
O PM temporário levantou às pressas e foi à rua, já tomada pelos vizinhos. Em meio aos gritos de desespero, Róbson recebeu o bebê nas mãos para tentar uma última manobra. Antonella já não apresentava mais sinais vitais. Acostumado ao trabalho junto ao presídio, precisou ter a frieza necessária para aplicar os conhecimentos que adquiriu em 2018, no curso de formação militar, em Montenegro.
“Quando peguei a bebê, ela estava com os olhos parados. As pessoas estavam apavoradas, tentando bater nas costas, mas como a cabeça estava para baixo, não abria espaço para o leite sair. Coloquei ela no braço e apliquei a manobra de Heimlich. Levantei o queixo, coloquei os dois dedos próximo do tórax e pressionei cinco vezes. Quando virei ela, graças a Deus o leite saiu.”
Publicidade
Nessa sexta-feira, 7, mais calmos depois do susto da noite anterior, o casal e a família de Antonella receberam a Gazeta do Sul para celebrar a vida da bebê. Róbson relatou a sensação de alívio com o retorno dos sinais vitais. Quando tomou Antonella nos braços, já fazia um tempo considerável que ela estava engasgada.
Na opinião dos familiares, é provável que a bebê de 1 mês não resistiria até a chegada de uma ambulância. O policial militar temporário revelou os acasos que o fizeram estar ali naquela noite. “Não era nem para eu estar em casa. Consegui uma troca de última hora com um colega, pois precisava comparecer a um banco aqui em Santa Cruz. Se eu não estivesse aqui, poderia ter acontecido algo pior. Graças a Deus, deu tudo certo”, disse.
A família do PM também se mudou recentemente para a rua. Há cinco meses, passaram a residir ao lado da mãe de Róbson. “Nos mudamos de Santa Cruz para Charqueadas quando entrei na Brigada. Mas, para ficar perto da minha mãe depois que meu pai faleceu, voltamos e construímos aqui do lado”, disse ele, que faz a viagem de volta ao município da Região Carbonífera dia sim, dia não.
Publicidade
Para a avó Solange Maria de Queiroz, de 55 anos, o momento contou com intervenção divina. “A gente diz que foi uma obra de Deus. Se Róbson não estivesse aqui, acho que minha neta tinha morrido. Com certeza, foi Deus que colocou ele aqui neste dia para salvá-la.”
Emocionada, a mamãe Gabriela Queiroz de Brito agradeceu. “Eu pensei que ela iria morrer. Foi uma emoção muito grande quando vi que ela tinha voltado ao normal. Era o destino o Go vir para cá pra isso. Com certeza, meu Dia das Mães foi renovado com essa ação dele.”
Publicidade
This website uses cookies.