Elogiado pela mulher – deputada Raquel Muniz (PSD/MG) – na sessão histórica da Câmara que votou pela aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff em abril, o prefeito afastado de Montes Claros Ruy Muniz (PSB) virou foragido da Justiça, que decretou sua prisão na Operação Tolerância Zero, deflagrada nesta quinta-feira, 15. Ele foi alvo nesta quinta-feira de mais um mandado de prisão, o segundo somente neste ano. Desta vez, porém, os policiais não o encontraram e ele está foragido.
Esta já é a terceira investigação contra Ruy Muniz, que somente em 2016 já foi alvo de duas operações da Polícia Federal, uma por suspeita de beneficiar hospitais privados ligados a ele e outra por suspeita de participar, junto com a mulher, de grupo que teria praticado fraudes tributárias e previdenciárias, estelionatos qualificados, desvio de recursos de entidades beneficentes de assistência social sem fins lucrativos e de verbas públicas federais.
A primeira operação da PF que o prendeu em 18 de abril, ocorreu um dia após a votação do impeachment na Câmara em que sua mulher, a deputada Raquel Muniz (PSD), o elogiou e disse que “meu voto (no impeachment) é pra dizer que o Brasil tem jeito, o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão”. Ele ficou detido até julho deste ano graças a uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e, em meio às investigações, lançou sua candidatura para tentar a reeleição.
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Nesta quinta, 15, foi a vez de a Polícia Civil de Minas ir atrás do político por decisão da desembargadora Marcia Milanez, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Por determinação da magistrada, a polícia prendeu o filho de Ruy Muniz, Ruy Gabriel Queiroz Muniz, um assessor e o diretor da Empresa Municipal de Serviços, Obras e Urbanização de Montes Claros (ESURB). A desembargadora também determinou o afastamento de Ruy Muniz (já afastado pela operação da PF em abril) e dos dois servidores da prefeitura de seus cargos.
Também foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão nas residências e nos locais de trabalho dos oito investigados – incluindo Ruy Muniz e os outros três que tiveram a prisão decretada -, na sede da ESURB e em outras três empresas privadas.
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As medidas atendem um pedido do Ministério Público de Minas Gerais que acusa Ruy Muniz de chefiar uma quadrilha que teria ‘capturado’ a administração pública municipal “transformando-a refém dos seus escusos interesses”, diz o procurador de Justiça Cristovam Joaquim Filho no pedido de prisão. Nesta investigação, o prefeito afastado, seu filho, os funcionários públicos e empresários são acusados de fraudes na compra de combustível pela ESURB beneficiando empresas e o próprio político.
Ao acatar os pedidos de prisão e de buscas, a desembargadora entendeu que “há fortes indícios de envolvimento dos investigados em uma organização criminosa, estruturada e com divisão de tarefas, em que seus integrantes buscam obtenção de vantagens pecuniárias pela prática de crimes, especialmente desvios de verba pública”.
Procurada, a assessoria da prefeitura de Montes Claros informou que não iria comentar o caso. A reportagem também entrou em contato com o gabinete de Raquel Muniz, mas foi informado que a deputada ainda não tinha um posicionamento.
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