O anúncio de uma picape Ford Pampa nos chamados briques do Facebook, com preço bem abaixo do mercado, é a maneira utilizada por um grupo criminoso para atrair vítimas de todo o Estado para assaltos em Santa Cruz do Sul. O modo de agir parece ter caído no gosto dos bandidos. Pelo menos sete crimes foram registrados ao longo de um mês e estão sendo investigados pela Polícia Civil.
Algumas pessoas, além de roubadas, chegaram a ser agredidas. O primeiro assalto foi registrado no dia 9 de junho. Na ocasião, um morador de Parobé veio ao município negociar a compra da Ford Pampa. A retirada do suposto veículo foi marcada para ser feita no Loteamento Beckenkamp. Os golpistas, como de costume, exigiram que o comprador levasse o valor em dinheiro vivo para retirar a picape. Argumentaram que não aceitam depósito, pois “já teriam caído em golpes com recibos frios”.
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A vítima não cumpriu a exigência, mesmo assim, teve celulares roubados. Já no dia 15 de junho, outro comprador, desta vez de Carazinho, veio ao município realizar a aquisição do mesmo modelo de veículo. Ao chegar no endereço, no Bairro Dona Carlota, a vítima ligou para o suposto vendedor, que compareceu ao local em uma motocicleta, junto de outro homem. Os dois então anunciaram o assalto e levaram R$ 2 mil da vítima, que estavam na sua carteira, mais R$ 8 mil que estavam no carro. A dupla fugiu em direção ao Loteamento Beckenkamp.
O último caso registrado foi o que causou maior repercussão. Aconteceu no último domingo. Um morador de Viamão teve R$ 8 mil em dinheiro roubados, além do telefone celular. Ele havia negociado ao longo do último mês a compra também de uma Ford Pampa, mas de cor vermelha, de um suposto vendedor de Santa Cruz do Sul. A vítima demonstrou interesse no veículo, que estava à venda no brique do Facebook.
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Todos os crimes envolvem caminhonete Pampa
Na sequência desse último caso, a negociação seguiu para o WhatsApp. Embora o vendedor não tenha se identificado com nome, a vítima não desconfiou do golpe e marcou de vir a Santa Cruz para efetuar a compra. Quando chegou na cidade, por volta das 17h15 de domingo, recebeu uma localização via WhatsApp, que indicava o Loteamento Canela, no Bairro Arroio Grande, como ponto para fazer a transação. Ao chegar no lugar combinado, o comprador foi abordado por um homem branco com tatuagens nas mãos, usando anéis. Este o questionou se seria o “freguês do Facebrick”. A vítima confirmou.
Nesse momento, o golpista sacou um revólver calibre 32 e anunciou o assalto, passando a apontar a arma e exigir o dinheiro que o morador de Viamão havia trazido para o negócio, os R$ 8 mil. Ele entregou o dinheiro e o criminoso fugiu em uma motocicleta vermelha, pilotada por um comparsa. Por fim, o ladrão ainda efetuou um disparo na direção do carro da vítima, a qual não se feriu. “Tem sido casualmente utilizado um veículo Pampa, apenas com a mudança de cores, que já informaram ser branca, amarela ou vermelha. Normalmente, utilizam-se imagens de internet para fazer esses anúncios e atrair as vítimas”, explicou o delegado Alessander Zucuni Garcia, titular da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP).
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Atrás do mandante
Uma operação na manhã da última quinta-feira, no Loteamento Beckenkamp, cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de três homens, que são investigados por supostas ligações com o grupo que vem cometendo os crimes. Um deles, de 38 anos, com antecedente por lesão corporal, foi preso em flagrante por receptação, pois em sua garagem estava um veículo Toyota Etios preto, que havia sido roubado no dia 3 de junho, em Alvorada.
O automóvel foi apreendido e o homem encaminhado ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. Na casa de outro suspeito, que já cumpre pena através de monitoramento por tornozeleira eletrônica, a polícia encontrou sete porções pequenas de maconha. Já na residência de outro homem, que não estava no momento da abordagem, houve a apreensão de 100 gramas de cocaína e 240 de maconha. Embora a ação de um grupo já tenha sido confirmada, o delegado responsável pela investigação não descarta que mais de um bando possa estar por trás dos crimes.
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“Quando uma história dá certo, como essa do anúncio do veículo, isso acaba circulando no meio do crime e mais bandidos acabam se utilizando para aplicar golpes.” As investigações seguem, sobretudo para encontrar o mandante dos assaltos. “Ainda estamos coletando elementos, pois é possível que alguém esteja coordenando esses ataques e vários indivíduos sejam acionados para realizar as abordagens às vítimas”, finalizou o delegado Alessander Zucuni Garcia.
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