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Polícia investiga morte de torcedor após jogo entre Vasco e Flamengo

A Delegacia de Homicídio (DH) foi acionada na noite desse sábado, 8, para investigar a morte de uma pessoa e mais três que sofreram ferimentos à bala que deram entrada no Hospital Souza Aguiar após confronto entre torcedores do Vasco e a Polícia Militar no entorno do Estádio do Vasco da Gama, conhecido como São Januário, em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. A confusão começou após o time perder para o Flamengo por 1 a 0 pela Série A do Campeonato Brasileiro.

Segundo a Polícia Civil, a delegacia foi acionada pelo policial do plantão do hospital e, imediatamente, uma equipe foi enviada ao local para fazer o levantamento das vítimas atingidas e iniciar as investigações. A Polícia Civil não confirmou a identidade das vítimas e informa também que “ainda será necessário saber de onde partiram os disparos, após ouvir os envolvidos como policiais, testemunhas e as vítimas sobreviventes”.

Não foi confirmado se os disparos foram feitos por policiais militares. “Neste momento, equipes da DH tentam obter imagens de câmeras da região para auxiliar na investigação”, diz a nota da Polícia Civil.

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Segurança para jogo

A Polícia Militar informou que as ações da corporação no jogo começaram às 9 horas, em conjunto com a Secretaria Estadual de Ordem Pública (Seop), “para a repressão do comércio irregular na parte externa ao estádio”. Ao todo, foram designados 220 policiais na parte interna de São Januário e 200 na parte externa, além do apoio enviado ao final da partida.

Segundo a PM, o Vasco cumpriu com todas as obrigações previstas para a realização do jogo e também era o responsável pela revista de torcedores na entrada. A PM informa que “a torcida do Flamengo foi escoltada pelo Grupamento Especial de Policiamento em Estádios [Gepe] antes do início da partida e após o final do jogo”, sem a ocorrência de confrontos entre torcidas rivais dentro ou fora do estádio.

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A PM afirma que a confusão começou ao final da partida, entre as torcidas organizadas do Vasco, e que isso é “recorrente” no local. “Assim que terminou o jogo e começaram os conflitos internos, o Batalhão de Polícia de Choque [BPChq] foi acionado para São Januário”, diz a PM, acrescentando que “a maior preocupação da Corporação era retirada das pessoas do estádio e o controle do tumulto provocado pelos torcedores”.

Garrafas e pedras

De acordo com a nota, policiais que estavam fora do estádio foram atacados com garrafas e pedras por torcedores do Vasco, “onde foi necessário a intervenção do BPChq, da Cavalaria e do 4ºBPM”. Após “tumulto generalizado” na Rua do Bonfim, que deixou um torcedor morto e três feridos, “a Corporação aguarda perícia e apuração por parte da Polícia Civil” e “o Comando da Corporação, por meio do 4ºBPM instaurou procedimento para apurar as condutas dos policiais”.

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A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou que na noite de ontem chegou uma pessoa morta, com perfuração de projétil e sem identificação ao Hospital Municipal Souza Aguiar. A SMS informa também que mais três feridos por bala chegaram ao hospital, sendo que dois foram liberados e um permanece internado, atingido na coxa esquerda. Porém, a secretaria não confirma a relação dos feridos e do morto à ocorrência em São Januário.

Clubes

Em pronunciamento feito na noite de ontem, divulgado pelo site do clube às 23 horas, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, pediu desculpas aos torcedores em nome do clube. “O que aconteceu aqui não é Vasco. Faço o pedido de desculpas em nome do Vasco, o que aconteceu aqui não tem nenhuma justificativa. Eu preciso deixar uma coisa bem clara, nós, como fazemos sempre, tomamos todas as providências para que o jogo pudesse transcorrer sem nenhum incidente”.

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Miranda disse que São Januário tem todas as condições de segurança para receber grandes partidas de futebol e que a confusão foi premeditada por pessoas mal-intencionadas. “É algo que eu tenho certeza que já estava preparado, já vinha sendo feito para que, na primeira derrota que nós tivéssemos aqui em São Januário, isso viesse a acontecer, já houve uma tentativa no jogo do Corinthians. Uma série de fatores contribuíram para que no final a gente tivesse essa cena”.

Sem explicar o que seriam esses fatores, Miranda disse que durante a semana muito foi falado sobre rivalidade e oposição, no lugar de se exaltar a importância de um jogo clássico para o futebol do clube. “Estamos prontos para enfrentar qualquer problema que venha a surgir em função disso. Venha o que vier, o futebol vai e o Vasco vai seguindo os seus objetivos, sem dúvida”.

Em nota divulgada às 22 horas de ontem, o Clube de Regatas do Flamengo lamentou “a situação a que foram expostos” os profissionais, torcedores e a imprensa após a partida contra o Vasco. Segundo divulgado pela imprensa, os torcedores do Flamengo teriam sido mantidos dentro do estádio durante a confusão na área externa de São Januário. O clube também repudiou “todo e qualquer ato de violência dentro e fora dos estádios”.

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“O Flamengo entrou em campo e venceu na bola. Agora, espera que todas as providências sejam tomadas para que um episódio desastroso como o de hoje [ontem] não se repita e que os marginais responsáveis sejam punidos. O futebol tem sido vítima constante da impunidade e da falta de sensibilidade de alguns dirigentes, que estimulam o ódio”.

Moradores

O estádio de São Januário recebeu na manhã deste domingo, 9, o jogo Vasco e Botafogo pela semifinal do Campeonato Carioca Sub-20, quando nada na área externa lembrava o ocorrido horas antes.

Morador da Comunidade Barreira do Vasco, Antônio Augustinho diz que o clima pela manhã estava tranquilo na região. “Hoje está a maior tranquilidade, flamenguista, vascaíno, fluminense, todo mundo junto e misturado. Era tão bonito se ontem tivesse sido assim, né? Era maravilhoso. Mas se tiver outro jogo assim, Vasco e Flamengo, ou Vasco e Botafogo, é a mesma coisa que vai acontecer, um jogo desse nunca deveria acontecer aqui. O prejuízo é para todo mundo. Teve muitas famílias que foram para casa de parente em outra região, porque todo mundo já sabia o que ia acontecer, por causa do tamanho do jogo. É coisa já prevista e programada”.

Nascido e criado no entorno de São Januário, Ronaldo Pereira diz que o local não tem estrutura para receber um jogo do porte de Flamengo e Vasco. “[Ontem teve] muita confusão e muita briga, bombas, o pessoal da comunidade estava apavorado com isso. O culpado disso tudo é o senhor Eurico Miranda, ele não tinha que botar um jogo desse aqui, o estádio de São Januário não tem estrutura para isso. Nosso bairro não merece isso, o morador não merece isso. As pessoas que fizeram isso são torcedores que não moram aqui. Os moradores não tem nada a ver com isso. Hoje cedo tinha lixo, pedra, pau, vestígio de quebra-quebra, bomba, mas estava tranquilo. Ontem foi um vandalismo total”.

Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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