Polícia

Polícia indicia por estelionato falsos curandeiros que prometiam quebrar maldições

Após aplicarem uma série de golpes a moradores do Vale do Rio Pardo, dois homens que se passaram por curandeiros – pai e filho, de 54 e 20 anos – vão responder na Justiça pelos crimes. Eles foram indiciados pela Polícia Civil. Com a promessa de quebrar maldições e curar doenças, além de vender chás que seriam milagrosos, os criminosos, muitas vezes se dizendo indígenas ou ciganos, agiam contra pessoas geralmente de mais idade.

Os casos foram revelados com exclusividade pela Gazeta do Sul e teriam acontecido na região de Monte Alverne, em Santa Cruz do Sul, e também em Venâncio Aires e Passo do Sobrado. Porém, foi em Rio Pardo que os golpistas foram identificados e indiciados pela Polícia Civil como autores de um estelionato cometido contra um casal na localidade de Passo D’Areia, interior do município.

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O homem mais velho, apresentado como um suposto cacique, e o filho, que na ocasião foi seu auxiliar, foram até a residência de um idoso de 74 anos e da esposa dele, de 67. O casal entregou R$ 21 mil e um revólver calibre 38 preto, da marca Taurus, após os estelionatários afirmarem que podiam salvar a filha dos dois, que teria sido alvo de um feitiço de magia vodu e não tinha muitos dias de vida.

Mesmo entregando a arma e dinheiro, a mulher de 67 anos começou a pedir emprestado valores altos a parentes e vizinhos, pois deveria pagar mais R$ 60 mil. Desse total, R$ 30 mil seriam pelo trabalho de tirar o feitiço vodu. Os outros R$ 30 mil serviriam para alugar uma retroescavadeira, que seria usada para retirar uma panela de ouro que, segundo os criminosos, estaria embaixo da casa e provocaria a suposta maldição, fazendo muito mal à família.

Isso despertou desconfiança e, posteriormente, levou à descoberta de que a conversa dos supostos indígenas não passava de um golpe. Com informações de que o bando podia estar acampado em Encruzilhada do Sul, no dia 26 de setembro, o jovem de 20 anos foi preso em flagrante pela Polícia Civil e Brigada Militar após aplicar o golpe contra um morador do município, de 69 anos.

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O rapaz foi capturado em uma perseguição após os policiais acompanharem a vítima, que havia combinado com o criminoso de ir retirar R$ 5 mil no banco para lhe entregar. No entanto, mesmo detido, o jovem foi liberado rapidamente do presídio pela Justiça.

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Por esse caso em Encruzilhada, o rapaz vai responder por estelionato, charlatanismo e constrangimento ilegal – este porque a vítima teria sido ameaçada pelos criminosos a não ligar para ninguém até o pagamento total do valor combinado.

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Operação da polícia e reconhecimento dos autores

Mantendo as investigações, a Polícia Civil de Encruzilhada do Sul deflagrou uma operação na tarde da última quinta-feira, no local do acampamento onde os ciganos estavam, na Rua Marechal Rondon, região central da cidade. O trabalho contou com apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), ambas de Santa Cruz do Sul.

O cacique, de 54 anos, natural de Pelotas, e o seu filho, de 20 , nascido em Palmeira das Missões, foram presos em flagrante por posse irregular de arma de fogo, pois estavam com uma espingarda calibre 12 milímetros. Os dois foram trazidos para Santa Cruz.

Na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o delegado Robinson Palomínio estipulou uma fiança de R$ 10 mil a cada um, para responderem pelo crime em liberdade. Como eles não pagaram, foram levados para o Presídio Regional de Santa Cruz do Sul.

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“Permanecemos monitorando a presença deles na cidade e cumprimos um mandado de busca e apreensão nesse local, onde apreendemos uma arma de fogo de grosso calibre, vários celulares, medicamentos psicotrópicos e substâncias como corantes e óleos, que agora vão para perícia”, explicou a delegada Fernanda Amorim.

Os medicamentos psicotrópicos agem no sistema nervoso central. Frascos de corante vermelho, também apreendidos, seriam para produzir sangue artificial. Essa foi a última ação de Fernanda no município. Pouco mais de um mês depois, ela deixou a DP de Encruzilhada do Sul na segunda-feira passada para assumir como delegada em Canoas. Robinson Palomínio, titular da DPPA de Santa Cruz, assume o posto momentaneamente.

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Um terceiro membro da comunidade cigana, de 19 anos, foi levado à delegacia como testemunha durante a operação de quinta-feira, e liberado mais tarde. Um dia depois da ação, na sexta, às 17h30, pai e filho recolhidos no Presídio Regional receberam do Poder Judiciário de Encruzilhada do Sul a liberdade provisória para responderem pelos crimes. Nessa terça-feira, 11, o delegado Anderson Faturi confirmou o indiciamento para a dupla.

“As vítimas do nosso município reconheceram os dois como autores do golpe. O inquérito será enviado ao Poder Judiciário com indiciamento por estelionato. A remessa depende apenas do relatório da análise nos objetos apreendidos com eles”, explicou o responsável pela Delegacia de Polícia de Rio Pardo. Os nomes dos envolvidos não foram revelados pelas autoridades policiais.

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Guilherme Bica

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