Uma grande operação, deflagrada nesta terça-feira, 13, pela Polícia Federal (PF) nas cidades de Manaus e Tabatinga, no Amazonas, Tomé-Açu, no Pará, e Curitiba, no Paraná, atuou no desmonte de uma organização criminosa que atuava no tráfico internacional de cocaína de alta pureza. A Operação Betume envolveu uma equipe de 100 policiais e cumpriu seis mandados de prisão preventiva, dois de prisão de temporária, oito de busca e apreensão e sete de condução coercitiva, além de diversos mandados de sequestro e bloqueio de bens.
O delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF do Amazonas, Rafael Machado, explicou que a quadrilha tinha um ‘modus operandi’ bastante sofisticado. “Eles remetiam grandes quantidades de drogas ocultas no interior de maquinários, cilindros, peças de metal, etc, mercadorias lícitas, que eram exportadas seguindo os canais regulares de exportação. O fato de estarem dentro de peças de metal dificultava muito sua localização”, disse o delegado.
As investigações começaram em 2015, baseadas em informações recebidas de diversos países onde houve apreensão de drogas oriundas, principalmente, de Manaus. A Polícia Federal verificou que a organização criminosa tinha um forte vínculo com a região da fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, onde a cocaína era adquirida.
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Segundo o titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Caio Avanço, entre os presos estão dois advogados amazonenses, um homem e uma mulher, que auxiliavam o grupo em questões jurídicas e criação de empresas fantasmas. Um peruano, que seria o líder da organização criminosa, também foi detido. “Ele coordenava desde a aquisição da droga no exterior até a sua chegada ao destino. Ele também adquiria as mercadorias lícitas, tanto nacionais como internacionais, coordenava a questão da logística e do enxerto da droga nessas mercadorias e sua remessa. Ele tem uma empresa no nome dele assim como a companheira dele, e [também] fazia uso de outras empresas, alugava CNPJs ou criava empresas em nome de terceiros”, informou Avanço.
De acordo com a PF, durante as investigações foram apreendidos 300 quilos de cocaína pura, que no exterior pode custar até US$ 100 mil o quilo. A quantidade de droga encontrada hoje, durante a operação, ainda será contabilizada. Os integrantes da organização criminosa podem responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – seccional Amazonas – informou que está acompanhando a prisão temporária dos dois advogados. A entidade recomendou que os profissionais não fossem recolhidos em unidades prisionais, conforme dispõe a Lei 8.906/94, Estatuto da Advocacia. Por enquanto, os advogados vão permanecer nas sedes da Polícia Federal, o advogado em Manaus e a advogada em Tabatinga. A OAB declarou que, caso eles sejam considerados culpados, vai instaurar um processo para avaliar a conduta dos profissionais, que poderão receber penas desde advertências até a exclusão da entidade.
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