A Polícia Civil do Rio de Janeiro montou uma força-tarefa para apurar as circunstâncias do desabamento do prédio na comunidade de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, na madrugada desta quinta-feira, 3, e o possível envolvimento de milicianos em construções irregulares na região.
A força-tarefa é integrada pela 16ª DP (Barra da Tijuca), a 32ª DP (Taquara), a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais. Segundo informações preliminares da polícia, o imóvel que desabou foi construído há mais de 20 anos por pessoas que moravam no local e a construção não teria ligação com a milícia.
Policiais civis estiveram na comunidade e conversaram com testemunhas e vítimas. A perícia no local começará a ser feita assim que os bombeiros liberarem a área. “Diligências já estão sendo realizadas para esclarecer as causas do desabamento e o possível envolvimento de milicianos em outros empreendimentos imobiliários da região”, completou, em nota.
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Por Estadão Conteúdo
Um homem de 30 anos e a filha, de 2 anos, morreram no desabamento do prédio residencial de quatro andares em Rio das Pedras. Ambos foram encontrados sem vida nos escombros. A construção era irregular e desmoronou na madrugada, deixando outras quatro pessoas feridas. Cães farejadores auxiliaram os oficiais na busca pela última vítima, o homem, cujo corpo foi retirado dos escombros no início da tarde desta quinta-feira.
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“A gente tem que melhorar a questão da fiscalização”, disse o governador Cláudio Castro (PL) sobre a situação irregular do prédio. Além de Castro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) acompanhou o trabalho das equipes. Prédios vizinhos também foram afetados pelo desabamento. “Provavelmente vão ser condenados, vamos ter laudo mais técnico da Defesa Civil Municipal”, disse Paes.
No entorno da construção que desabou, moradores comentaram que a comunidade é repleta de prédios em situação parecida. Empregada doméstica, Maria Elizabete, de 41 anos, diz que se sente “um lixo” por viver nessa situação. Ela está em Rio das Pedras há 20 anos. “Vamos para onde, se o que dá pra pagar é aqui?”, questiona. “O prédio onde moro é todo rachado. Quando chove, tem água pingando toda hora.”
Ao sair da área de isolamento dos Bombeiros, o prefeito Eduardo Paes (PSD) reconheceu a situação complexa da região, que há décadas vem passando por construções desse tipo. O foco agora, segundo ele, é fiscalizar os prédios já existentes e evitar que novos sejam erguidos. “Comigo, milícia não vai mais construir porcaria nenhuma nessa cidade”, disse.
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O prefeito disse que vai tentar combater a construção de novos edifícios irregulares na cidade e que a prefeitura já tem atuado em demolições, mas que esse tipo de moradia “é uma realidade da cidade”. “Ninguém vai construir mais nada nessa cidade de maneira irregular. Só essa semana foram três operações”, afirmou Paes a jornalistas.
Três dos feridos no desabamento foram levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Uma mulher, de 38 anos, e um homem, de 29 anos, já tiveram alta médica. Uma mulher, de 28 anos, permanece sob cuidados médicos na unidade, com quadro de saúde estável, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
A quarta e última mulher resgatada, Kiara Abreu, de 27 anos, foi levada para o Hospital Municipal Miguel Couto, e ainda passa por avaliação e exames. Ela é esposa do homem morto, identificado como Natan Gomes, e mãe da menina que também foi encontrada morta dos escombros, Maitê.
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A delegacia da Taquara instaurou um inquérito para apurar o caso. Os agentes farão a perícia nos escombros para identificar a causa do desabamento, assim que os bombeiros conseguirem encerrar o trabalho de resgate. Moradores relatam ter ouvido “estalos” por volta das 2 horas e, mais tarde, “muito fogo”. Os bombeiros do quartel de Jacarepaguá foram acionados às 3h22 para a ocorrência na esquina da Rua das Uvas com a Avenida Areinha.
Outros quatro quartéis – Alto da Boa Vista, Barra, Magé e São Cristóvão – dão apoio à operação de resgate. Em meio ao desabamento, um incêndio também precisou ser contido no local. A região de Rio das Pedras é conhecida como um dos lugares com maior atuação das milícias cariocas. Os prédios daquela área costumam ser construídos de maneira irregular, como foi o caso dos edifícios que desabaram e deixaram 24 mortos na Muzema, comunidade vizinha, em 2019.
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