A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou na manhã desta quinta-feira, 16, a Operação Quebra-Cabeça, para combater a lavagem de dinheiro praticada por uma organização criminosa no Estado durante anos. A ação foi realizada através da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos (GIE) da Polícia.
Segundo o delegado Cristiano de Castro Reschke, foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão, bloqueio de 32 imóveis, sequestro de 31 veículos, bloqueio das contas bancárias de 29 investigados, quebra dos sigilos bancário, fiscal e financeiro de 54 investigados, além de mandados de prisão preventiva. Durante a ação, cinco pessoas foram presas.
O patrimônio apreendido com autorização judicial soma aproximadamente R$ 11 milhões. Parte das medidas deferidas atingem valores em conta ainda não conhecidos pela Polícia Civil. O líder da organização foi preso em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, em fevereiro deste ano. Após a captura iniciou-se uma investigação que levou oito meses e apurou o caminho do dinheiro faturado pela organização, além de identificar a forma de atuação de cada integrante do esquema criminoso.
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Foi possível compreender a forma como o líder da organização lavava o dinheiro do lucro com a venda de drogas em larga escala. Foi descoberto, por exemplo, que ele havia assumido o papel de fornecedor de drogas para outros grandes traficantes da Região Metropolitana de Porto Alegre. Alguns deles integram também outras empresas criminosas, o que causou surpresa à equipe de investigações. Havia uma pessoa que era a responsável por toda a gestão financeira do tráfico de drogas pela qual ganhou prestígio e confiança.
Todo o dinheiro ganho com a venda de drogas dentro da Vila Jardim e para outros traficantes era recolhido por diversos gerentes do tráfico. Após o recolhimento, os valores eram levados até a gerente financeira da facção. A partir daí, ela assumia a responsabilidade de fazer o dinheiro chegar ao líder da organização ou a qualquer outro que fosse indicado por ele. Boa parte era destinada e visava garantir o conforto do líder. A maior parte, no entanto, tinha origem oculta de modo a dificultar a localização pela Polícia Civil.
Em seguida, o dinheiro passava por um processo de dissimulação, com transferências destinadas a distanciar, cada vez mais, o dinheiro de sua origem ilícita. A maioria destas empresas está sediada em outros estados, dificultando ainda mais o monitoramento e as diligências destinadas à verificação da forma de atuação dos seus gestores.
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Conforme o delegado Filipe Bringhenti, também cumpria especial função a companheira do líder da organização, que exercia a atividade de gestora dos bens. Ela fechava diversos negócios jurídicos envolvendo veículos e imóveis, sempre com especial cuidado para que este patrimônio seguisse registrado em nome de laranjas não vinculados diretamente à organização. Ao longo da investigação, vários outros membros da facção foram identificados e, ao final, a forma de atuação de cada um pode ser documentada.
Durante as investigações foi constatado que o líder se aproximou de uma organização criminosa carioca, o que certamente lhe conferiu certa proteção e apoio dessa. A suspeita da relação nasceu com a notícia de que ele teria envolvimento em homicídios praticados no Paraguai como forma de ganhar prestígio com a organização carioca. A confirmação desse relacionamento veio com a chegada do líder ao sistema prisional federal. Ao dar entrada na Penitenciária de Porto Velho, pediu para ser recolhido no espaço destinado aos criminosos vinculados à facção carioca.
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