A Polícia Civil ouviu a última testemunha intimada a depor no caso da morte de Gabriela Alves. A jovem de 25 anos foi encontrada enforcada no suporte do box de banheiro da casa onde morava, na zona rural de Vera Cruz, no dia 21 de setembro – uma semana após seu aniversário. Ela era irmã de Cássio Alves dos Santos, apontado pela polícia como um dos líderes da facção Os Manos, que comanda o tráfico de drogas no Vale do Rio Pardo.
Desde os primeiros momentos após o fato, o caso era tratado como suicídio. Ainda assim, uma investigação foi iniciada pela DP de Vera Cruz para verificar a possibilidade de um ato criminoso ter acontecido nos momentos que antecederam a morte de Gabriela. Ao longo de quase três meses de investigação, em um inquérito de 80 páginas, três testemunhas foram ouvidas. A última a depor foi um homem de 40 anos.
O indivíduo teria auxiliado o companheiro de Gabriela, Rodrigo Dias Machado, que a encontrou enforcada na noite de 21 de setembro. “Esse homem foi chamado pelo companheiro da vítima para auxiliar e prestar socorro. E ele chegou a ir ao local, mas não tinha muito mais o que fazer porque ela já havia ido a óbito. O depoimento dele corroborou a linha de suicídio que já tínhamos, não acrescentando outros detalhes das versões já apresentadas e mostrando que não houve qualquer indício de crime”, comentou o delegado Paulo César Schirrmann.
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Os laudos periciais no corpo de Gabriela Alves e na cena do crime também não apontaram qualquer sinal de luta ou violência. Um suposto comportamento anormal de Gabriela diante do relacionamento não foi identificado pela investigação, que não conseguiu esclarecer qual a motivação para a jovem ter tirado a própria vida. “Ela tinha um relacionamento sem histórico de agressões ou algum problema que pudesse atribuir a responsabilidade a alguém”, ressaltou Schirrmann.
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“Decepcionado pelos boatos”, diz companheiro
No dia 21 de setembro, Gabriela e seu companheiro, Rodrigo Dias Machado, de 35 anos, foram a uma partida de futebol e depois a um evento de pagode. Na volta para casa, Gabriela ficou em casa e decidiu ir dormir, e Rodrigo saiu novamente de carro, retornando para a residência, em Vera Cruz, por volta da meia-noite. Então, encontrou a companheira já enforcada.
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Ainda debilitado pelo trauma do suicídio de sua companheira e tomando remédios para depressão profunda, Rodrigo conversou com a Gazeta do Sul na tarde de segunda-feira, 14, após a conclusão do inquérito, o qual determinou que não houve qualquer participação dele ou de outra pessoa na morte de sua companheira. Dias se disse desapontado pelos comentários que circularam na cidade, sobretudo entre moradores do Bairro Bom Jesus, vinculando uma suposta participação dele na morte.
“Para ser sincero, fiquei muito decepcionado pelos boatos que circularam entre algumas pessoas do bairro. Eu tenho mercado há dez anos, ajudei muita gente. Fui um cara que nunca disse não e nunca fiz mal pra ninguém. Acabei passando por um momento muito difícil, pois eu amava e amo muito ela, e atitudes dessas pessoas me magoaram, pois chegaram a dizer que eu tinha matado ela, o que é muito grave”, comentou.
“Além de toda essa boataria, tive que excluir minhas redes sociais, pois alguns perfis fakes me mandavam coisas horríveis. Sigo um dia após o outro para me manter vivo. Minha luta é para acordar e tentar não fazer nenhuma besteira comigo”, complementou o proprietário de um mercado no Bairro Bom Jesus. O empresário chegou a voltar a trabalhar, mas precisou parar devido à depressão.
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Sobre a perda de Gabriela Alves, Rodrigo diz não encontrar explicação para a atitude da jovem. “Eu nunca esperava isso, pois tínhamos uma boa convivência, dinheiro, viagens, muitas coisas boas, não faltava nada. Foi uma atitude sem lógica. Talvez ela vinha com algum sofrimento interno, guardando pra ela algo que nem eu nem ninguém sabia.” O inquérito será remetido ao Poder Judiciário de Vera Cruz nos próximos dias. Gabriela deixou enlutados uma filha de 5 anos, pais, irmãos e avós.
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