Em uma investigação traçada ao longo das últimas semanas, a Polícia Civil de Encruzilhada do Sul identificou pessoas de um bando que se passavam por falsos curandeiros e foram responsáveis por aplicar uma série de golpes a moradores da região. Os casos foram revelados com exclusividade pela Gazeta do Sul. Com a promessa de quebrar maldições e curar doenças, moradores do interior de municípios do Vale do Rio Pardo vinham caindo em golpes premeditados organizados pelos estelionatários.
Nesta segunda-feira, 26, um jovem de 20 anos, integrante do grupo, foi preso em flagrante. Conforme a delegada Fernanda Amorim, ela tomou ciência dos fatos na região logo após assumir como nova titular da Delegacia de Polícia (DP) de Encruzilhada do Sul, há pouco menos de um mês. “Identificamos que numa área de barracos, na região central do município, poderia estar acampado esse grupo responsável por esses delitos”, disse ela.
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“Fomos até o local para uma averiguação mediante um termo de consentimento, mas não eles não aceitaram que nós tivéssemos acesso à propriedade, o que nos causou estranheza”, complementou a delegada. Na última sexta-feira, um homem de 69 anos, foi vítima dos estelionatários que se diziam ciganos. “Ele é bem humilde, tem problemas de saúde, e disse que venderam chás para ele como se fossem curá-lo. Cobraram R$ 220,00, depois mais R$ 350,00 por esses produtos e, por fim relataram que precisavam de R$ 5 mil para completarem a limpeza física e espiritual”, contou a delegada.
O senhor disse aos homens, um mais velho, que se apresentou como cacique, e um outro, jovem, filho deste, que não tinha o valor. Os criminosos então pediram R$ 4 mil e a vítima, que possuía no banco um valor ainda obtido de uma lavoura que tinha na propriedade, disse que iria retirar o valor.
Ainda no fim de semana, uma vizinha acabou alertando a vítima que o caso podia ser golpe. “Por isso, ele veio até a delegacia nesta segunda-feira, logo pelas 8h30, e nos contou que tinha combinado de ir junto às 10 horas com os falsos curandeiros no Banrisul do Centro, aí, resolvemos acompanhar”, relatou Fernanda Amorim. Um policial civil e um militar foram até as imediações do banco e flagraram quando o jovem, que havia ido até a casa da vítima, se aproximou em um Fiat Palio.
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Ele estava sozinho no veículo. Porém, quando os policiais se aproximaram para a abordagem, o rapaz ligou o carro e saiu em disparada, dando início a uma perseguição. “Apenas depois de um tempo conseguimos abordá-lo e trazê-lo para a delegacia”, salientou Fernanda. Identificado, o jovem tem 20 anos e é de Palmeira das Missões. O pai dele, conhecido dentro do bando como cacique, tem 54 anos e é de Pelotas. Tem longa ficha na polícia por crimes como estelionato, furto qualificado, contravenção penal e tráfico de drogas.
Dois advogados compareceram à delegacia para assistir o jovem preso em flagrante prestar seu depoimento. Segundo a delegada Fernanda, o rapaz relatou que não obrigou a vítima a comprar os chás. “Eu expliquei que ele não estava sendo preso por vender algo ilícito e sim por estelionato, pois ele utilizou da religião para ludibriar uma pessoa e obter vantagem ilícita”, salientou a delegada.
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À titular da DP de Encruzilhada do Sul, o jovem ainda disse que estava próximo do Banrisul apenas por coincidência e que fugiu da polícia no momento da abordagem porque seu irmão teria sido assassinado há três anos e, em virtude disso, teria ficado com medo. Uma grande quantidade dos chás ditos pelos estelionatários como milagrosos também foi apreendido pela Polícia Civil e será encaminhada ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) para análise.
O jovem, que não teve o nome revelado pelas autoridades policiais, foi conduzido ao Presídio Estadual de Encruzilhada do Sul. Vai responder por estelionato, charlatanismo e constrangimento ilegal – este último porque a vítima teria sido ameaçada pelos criminosos a não poder ligar para ninguém até o pagamento total do valor combinado. “Já pedi a prisão preventiva dele também. Esperamos que o Poder Judiciário não relaxe a prisão, pois muitas pessoas vinham sendo lesadas por essas pessoas”, finalizou a delegada Fernanda Amorim.
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