Polícia Civil conclui inquérito sobre assassinato no Bairro Santa Vitória

A Polícia Civil concluiu, na tarde desta quarta-feira, 15, o inquérito referente ao último homicídio ocorrido em Santa Cruz do Sul. Trata-se do assassinato de Leandro Latiel Borges de Oliveira. O cadáver do homem de 28 anos foi encontrado com marcas de tiro na madrugada de 9 de novembro, embaixo da ponte da Rua David Severo Mânica, dentro do Arroio das Pedras, na divisa entre o Bairro Santa Vitória e o Loteamento Viver Bem, na Zona Sul. Em 120 páginas, os agentes da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP) detalharam o caso.

Um homem, de 38 anos, preso durante as investigações, foi identificado como autor do assassinato, que teve como motivação o tráfico de drogas, pois Leandro Latiel era usuário de entorpecentes. “Certamente o pano de fundo desse homicídio foi o tráfico. Em uma análise mais ampla, ao que tudo indica, foi um somatório de fatos, onde a vítima adquiria entorpecentes do investigado preso e ficou devendo para ele, passando a comprar de outro fornecedor”, afirmou o delegado Alessander Zucuni Garcia, responsável pela 2ª DP.

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Os investigadores realizaram diversas diligências durante o curso do inquérito. Na principal delas, no dia 2 de dezembro, cumpriram três mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária para o homem de 38 anos, que foi conduzido ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. O suspeito é conhecido no meio policial e morador das proximidades onde o homicídio aconteceu, em uma residência junto de outra ponte, também no Santa Vitória, na Rua Abrelino Pedroso. Conforme o delegado Alessander, possui intenso envolvimento com tráfico de drogas, além de outros crimes como roubo e mortes.

Na diligência do dia 2, que contou com apoio de agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), foram encontradas na casa dele porções de drogas, balanças de precisão, além de apetrechos utilizados para embalagem de entorpecentes, R$ 260,00 em dinheiro e um caderno com anotações. “Ele já tem uma certa importância dentro da facção criminosa em que atua. Não é um indivíduo que pode ser chamado de gerente, mas tem certa influência na organização”, salientou o delegado, que foi tomar o depoimento do suspeito no presídio. Na oportunidade, o homem de 38 anos se reservou o direito de permanecer calado.

Bloqueio de tornozeleira na madrugada do crime

No dia 9 de novembro, o investigado como autor do assassinato estava cumprindo pena restritiva de liberdade, através de monitoramento por tornozeleira eletrônica. Dentre as provas mais contundentes obtidas pelos agentes da 2ª DP está que, entre a meia-noite e a 1h40 da madrugada do crime, o criminoso bloqueou de forma intencional o sinal do equipamento preso na perna dele. “Recebemos um relatório da Susepe que informa esse bloqueio intencional no sinal da tornozeleira dele, o que foi determinante para a investigação, pois isso foi ao encontro dos depoimentos que obtivemos, que informam o horário em que foram ouvidos tiros nas proximidades do local do crime, que também é perto da casa desse suspeito”, salientou o delegado Alessander. Ao todo, foram tomados seis depoimentos.

Embora o investigado tenha conseguido um habeas corpus, que revogou a prisão temporária, o homem de 38 anos permanece no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul em virtude do bloqueio intencional da tornozeleira eletrônica, pois existe uma orientação da Susepe e da Vara de Execuções Penais para que presos que cometam esse ato permaneçam recolhidos.

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O homem de 38 anos, que não teve o nome revelado pelas autoridades policiais, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado. As qualificadoras – dispositivos que podem ampliar a pena – foram elencadas pela motivação torpe (tráfico de drogas) e pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, pois segundo o delegado, há elementos de investigação que indicam que a vítima foi atraída para uma emboscada nas proximidades do arroio onde acabou morta.

Um inquérito paralelo também foi instaurado para apurar a conduta do preso como traficante, pois na diligência da Polícia Civil realizada na residência dele, no dia 2 de dezembro, foram encontradas porções de drogas. Um projétil de arma de fogo, coletado no cadáver da vítima, foi enviado para perícia. Com a análise, poderá ser identificado qual tipo de arma foi usada para cometer o crime.

O homicídio de Leandro Latiel Borges de Oliveira foi o 14º em Santa Cruz do Sul neste ano. A média no município em 2021, até o momento, é de um assassinato a cada 25 dias. As mortes, todas de homens, aconteceram em nove bairros – Progresso (3), Arroio Grande (2), Margarida (2), Santa Vitória (2), Bom Jesus, Faxinal Menino Deus, Santo Inácio, Rio Pardinho e Universitário.