Polícia Civil apreende veículo que pode ter sido usado em latrocínio

Em meio a uma investigação cercada de sigilo, a Polícia Civil revelou nessa quarta-feira, 23, novos detalhes a respeito do caso de latrocínio ocorrido em 13 de fevereiro em Linha Eugênia, lugarejo que fica na divisa entre Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, a cerca de 3 quilômetros do distrito de Monte Alverne. Naquela noite, durante a tentativa de roubo a um armazém, dois homens armados e encapuzados assassinaram Silvio Aloísio Soder, de 64 anos, o Tuti, e deixaram ferido o irmão dele, Silvério Wagner, de 62 anos.

Após a confusão, os dois assaltantes fugiram do local sem levar nada. Nos últimos dias, dois mandados de busca e apreensão, solicitados pela Polícia Civil e expedidos pelo Poder Judiciário, foram cumpridos pelos agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Em um deles, um veículo e um celular foram apreendidos – no outro local, nada foi encontrado.

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Conforme o delegado Alessander Zucuni Garcia, que chefia a investigação, diversos elementos de prova já foram coletados. “Apreendemos esse veículo, que investigamos se foi usado na prática do delito, além do celular, que será analisado. Estamos realizando diligências para confirmar as informações, é uma investigação que segue em andamento”, disse o delegado. Comentários na localidade dão conta de que um Chevrolet Astra, de cor cinza, teria sido usado na fuga dos bandidos.

A fim de preservar detalhes da investigação, Garcia preferiu não revelar qual o modelo e marca do veículo apreendido, nem os bairros ou localidades de Santa Cruz do Sul onde foram cumpridos os mandados. De acordo com ele, oito testemunhas já foram ouvidas. Uma bota que foi perdida durante a ação por um dos assaltantes foi recolhida. Os investigadores também analisam imagens das câmeras de segurança que flagraram toda a ação. Os agentes aguardam ainda o laudo da perícia realizada no local.

“Pessoas estavam em estado de choque”, conta sargento

Passavam poucos minutos das 21 horas quando tocou o telefone de Edson Douglas Ribeiro Sortica, de 50 anos, sargento aposentado da Brigada Militar. “Foram 20 anos trabalhando na segurança do distrito de Monte Alverne. Estou na reserva, mas as pessoas seguem confiando em mim e no serviço. Todo mundo tem meu número e até hoje me acionam, como neste caso, essa noite.” Ao telefone, no dia 13, estava o filho do proprietário do armazém onde o latrocínio ocorreu.

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Morador de Monte Alverne, Sortica conhece como ninguém as estradas do distrito. Rapidamente chegou ao armazém, em Linha Eugênia. “O rapaz me avisou sobre o ocorrido. Fui o primeiro policial a chegar no local. As pessoas estavam em estado de choque, apavoradas com a situação, pois são simples e não estão acostumadas a esse tipo de crime”, relatou o sargento. Na sua vasta experiência, poucas vezes viu casos de violência parecidos como esse na região de Monte Alverne.

“Lembro de um assalto a um posto de gasolina, anos atrás, que lamentavelmente terminou com a morte do proprietário”, destacou. Conforme o sargento da reserva, logo que entrou no estabelecimento, tratou de acalmar os ânimos dos presentes, chocados com o crime cometido momentos antes. O policial constatou que um dos dois irmãos alvejados já se encontrava sem sinais vitais, e o outro estava vivo, mas precisava de atendimento urgente. “Acionamos demais guarnições, Samu e perícia. Enquanto isso, junto de populares, fizemos uma busca nas proximidades, mas não encontramos os bandidos”, complementou Sortica.

Relembre o caso

Após se aproximar do Armazém Soder na noite do crime, um dos ladrões ingressou na sala de estar – que tem uma porta exclusiva, na fachada do prédio – e o outro avançou na direção da entrada principal do estabelecimento. Silvério Wagner foi o primeiro a ser abordado pela dupla de encapuzados. Em luta com um dos ladrões, ele foi atingido por um tiro nas costas, que saiu pelo ombro. No meio da confusão, o criminoso ainda bateu várias vezes com a cabeça de Silvério no trinco da porta da sala de estar, chegando a entortar a maçaneta.

Em entrevista à Gazeta do Sul, o sobrevivente disse que agarrou no pé de um dos assaltantes e arrancou a sua bota. O outro bandido surpreendeu Silvio Soder e seus familiares ao entrar pela porta principal do armazém. Em luta corporal, Silvio quebrou um taco de sinuca na cabeça do assaltante, que acabou revidando com um tiro certeiro na altura do peito da vítima. Depois, a dupla fugiu sem levar nada. O armazém pertence a Guido Soder, irmão de Silvio e Silvério.

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