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RICARDO DÜREN

Polêmicas, reajustes e um apelo

Tudo me leva a crer que esta coluna tem um número considerável de leitores e que a esmagadora maioria deles realmente gosta do que escrevo. Não, essa afirmação não é fruto de soberba, mas de uma constatação científica, rigorosamente embasada em estatísticas, tendo por base os índices de feedbacks positivos que recebo, particularmente, pelo e-mail acima. Ainda assim, acredito que possa haver dois ou três que – pasmem – não gostam dessa coluna. Posso até imaginá-los conversando entre si, fazendo conjecturas do tipo:
– A coluna desse tal Düren é uma tolice, não agrega nada.
– Verdade… Não fala de política, foge de polêmicas, só aborda amenidades.
– Sim… Cita filósofos, escreve sobre paternidade, sobre as traquinagens da Ágatha… Ora, a quem isso interessa?

Pois a esses cumpre lembrar, modéstia à parte, que possivelmente nasceu de uma coluna de minha lavra uma das maiores polêmicas da história recente de Santa Cruz do Sul – os debates acalorados acerca da transferência do Santuário de Schoenstatt. Verdade seja dita: minha intenção, com aquele texto, não era criar polêmica.

Tão somente escrevi lamentando que, por força da falta de frequentadores e da insegurança – como fora citado na época – as irmãs viam se forçadas a deixar para trás um lugar tão bonito, arborizado, propício para a meditação e para o exercício da espiritualidade. Ainda fiz um mea-culpa, admitindo que eu mesmo não visitava o lugar há anos.

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A coluna saiu na edição de 1º de novembro de 2020 da Gazeta do Sul, e pode ser conferida no link gaz.com.br/a-transferencia-do-santuario/.

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Foi como arremessar um fósforo acesso em uma poça de gasolina. A partir daquela coluna, seguiu-se uma explosão de manifestações e artigos contrários à transferência do santuário, o movimento de fiéis indignados com a medida ganhou corpo, a Prefeitura entrou na briga e até o Ministério Público acabou envolvido.

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Talvez algumas lideranças de Schoenstatt, favoráveis à transferência, ainda recordem dessa coluna, culpem-me pela confusão toda e torçam para que eu queime no magma do inferno. Mas não me arrependo do que escrevi: querendo ou não, o que surgiu a partir daquela coluna foi um debate necessário. Torço agora para que se encontre a solução
mais acertada.

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Já que a ideia é falar de assuntos não tão amenos, vou abordar hoje uma outra questão que tem atormentado muita gente: a alta assustadora dos preços. De tempos para cá, cada visita ao posto de gasolina e ao súper tornou-se um teste para cardíaco, mais intenso do que assistir aos jogos da dupla Gre-Nal. E a estratégia de cortar o supérfluo não tem dado certo. A alta atingiu itens básicos para a sobrevivência das famílias – o arroz, o feijão, a farinha, os ovos, a carne (inclusive, de frango). Não dá para escapar.

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Sei que a culpa não é dos comerciantes. A alta é fruto de uma conjuntura complexa, que envolve a pandemia, os impostos, a alta do dólar, os reflexos da última estiagem, os custos logísticos e a flutuação do preço do petróleo lá fora. Mas urgem medidas, sob risco de ampliação da massa de famintos e de uma quebradeira da classe média.

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Não tenho a solução para a elevação dos preços. Em parte, abordar o tema faz-me sentir como um certo tolo, acerca do qual meu saudoso pai me contou. Relatou-me que, nos famigerados tempos do Cruzeiro, esse camarada, conhecido dele, viu-se embretado em meio a uma discussão sobre a alta exorbitante dos preços. Na roda de conversa, em uma festinha de família, havia empresários de vários setores, cada qual com teorias bem fundamentadas sobre as causas da inflação. E o tal sujeito, sem nada muito edificante a acrescentar, lançou a seguinte pérola:
– Por que ninguém dá um jeito nisso?!

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Foi acompanhado de um silêncio constrangedor, até que a conversa descambou para amenidades.

Contudo, assumo o risco de fazer esse mesmo desabafo, não como especialista no assunto, tampouco como economista – pois não o sou –, muito menos com alguma pretensão política, pois não me alinho a nenhuma corrente do tipo. Faço-o como pai de família, apreensivo ante os desafios de garantir a sobrevivência dos filhos. E, nessa condição, deixo esse apelo aos nossos governantes:
– Vocês precisam dar um jeito nisso!

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