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Polarização política na América Latina atinge os mais elevados níveis, com grande peso brasileiro

Bolsonaro representa a extrema-direita, enquanto Lula é o protagonista do lado da esquerda | Fotos: Valter Campanato/Agência Brasil e Ricardo Stuckert/PR

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou o resultado da avaliação dos dados da Variety of Democracias (V-Dem), que faz pesquisas para medir se uma sociedade está polarizada em campos políticos antagônicos e como isso afeta a interação social. O trabalho aponta que é uma tendência mundial, mas a área de América Latina e Caribe (ALC) teve o maior aumento nos últimos 20 anos, passando da segunda região menos polarizada para as líderes, atrás apenas de ambientes em conflito, como o Leste Europeu e a Ásia Central.

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O Brasil tem contribuído para essa mudança de posição. A questão político-partidária, desde a redemocratização, em 1985, tem garantido disputas polarizadas. Durante muitos anos, essa briga foi entre PT e PSDB, tendo mudança nas duas últimas eleições federais, quando se passou a perceber a divisão do país entre esquerda e direita, representadas pelo lulopetismo e o bolsonarismo. Essa acentuação na dualidade é percebida com a popularização das redes sociais e a desigualdade na economia.

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O cientista político Paulo Moura entende que esse fenômeno é percebido nos países ocidentais e tem razões políticas, com tensão entre interesses globalistas e nacionais, e de comunicação, com o lucro das mídias sociais a partir da polêmica e conflito. Presidente do Instituto Cultiva, em Minas Gerais, e cientista político, Rudá Ricci acrescenta outros fatores, como a desestruturação da esquerda.

“Com a quebra do mundo do trabalho das grandes plantas industriais, houve uma quebra do mundo sindical, e aí começa a ter a emergência das concepções individualistas de meritocracia, que partem a esquerda ao meio. Você passa a ter uma fissura de caráter mais xenófobo, ultranacionalismo, então, entra no mundo das redes sociais”, explica.

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Ricci enfatiza o que chama de uma nova onda de mobilização fascista, mas diferente da que gerou a Segunda Guerra, porque, agora, existe a farta propagação pela internet. “Se nos anos 1930 tivemos a disseminação através das rádios, agora, temos através das redes em que você está entre amigos”, frisa. Assim, acredita, informações, mesmo que falsas, ganham credibilidade pois são repassadas por amigos, parentes, líderes religiosos.

Para Moura, a diferença entre as disputas entre PT e PSDB e lulopetismo e bolsonarismo explica-se por questões ideológicas. “Primeiro houve a polarização da esquerda versus centro-esquerda; agora temos a polarização da esquerda versus direita, com o PT num polo e os liberais e conservadores no outro”, relata.
Ricci entende que isso é mais perceptível pela questão econômica. “Somos o sétimo país mais desigual do mundo e vivemos uma polarização mais violenta, porque é um projeto democrático de transformação e um projeto violento de imposição autoritária, com discurso populista”, explica.

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Existe como estancar o crescimento da divisão?

Paulo Moura vê que a polarização saiu do meio político-partidário e chegou à população, adentrando em lares e famílias. “É impossível estancar a divisão ideológica a não ser com censura e repressão”, diz. Ricci acredita que a situação só será minimizada com a superação da desigualdade social. “Enquanto você vive em condições desumanas e olha para o outro lado da avenida e tem gente saindo de casa em helicóptero, não vamos ter paz social. E o pior é que no Brasil se diz que a pessoa do helicóptero o tem porque trabalhou. Não é pelo trabalho que se fica rico no Brasil, é pela exploração”, aponta.

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O surgimento de novas lideranças e forças políticas é percebido por Moura como a forma de minimizar a polarização como vemos atualmente. “A menos que alguém defenda a censura e a prisão das lideranças de um dos polos, como, aliás, estão fazendo contra os conservadores no Brasil e em outros países do mundo, com apoio dos grandes veículos de comunicação e governos de esquerda e centro-esquerda”, condiciona.

Ricci defende a necessidade de uma comoção nacional, causada, em geral, após situações extremas, como guerra, desastre natural ou conflito político de grandes proporções. “De novo, parece que nos subterrâneos da comunicação entre os brasileiros, nas redes sociais, bares, os valores fascistas se reproduzem, o que se vê na violência, na falta de respeito e na ideia de que o poder do povo só consegue se emanar a partir de um líder carismático, que é contra todos”, reforça.

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