Cultura e Lazer

Trama que envolve poder e religião prende a atenção de quem assiste Duna

Duna, de Frank Herbert, é um dos livros fundamentais da ficção científica, a sci-fi. Lançado em 1965, recebeu os prêmios Hugo e Nebula – os mais prestigiados nesse gênero – e deu início a uma série com seis volumes. A história que serviria como fonte de inspiração para outras sagas da literatura e do cinema, como Star Wars e Game of Thrones, por exemplo.

A trama original de Herbert ganhou as telas em 1984, em uma malsucedida versão de David Lynch (diretor de Cidade dos Sonhos) que, com o tempo, conquistou admiradores. Décadas depois, agora temos o Duna de Dennis Villeneuve, cuja segunda parte está em exibição nas salas de Santa Cruz do Sul. E seu êxito é inquestionável: a maior bilheteria de 2024 até o momento, com boa recepção também dos críticos. Pode não ser o melhor filme de todos os tempos, como dizem os afoitos, mas é uma experiência que vale o ingresso.

O original, de 1984, foi um fracasso comercial

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A história de Duna se passa em Arrakis, planeta desértico sob controle do clã Atreides, que o explora com objetivos comerciais. É lá que se encontra a mélange, especiaria usada como combustível em naves espaciais – e uma potente droga alucinógena. Para manter o domínio desse mundo, porém, os Atreides precisam combater seus inimigos mortais, os perversos Harkonnen, que também querem a hegemonia econômica e militar.

No meio desse embate entre potências estrangeiras estão os nativos de Arrakis, os Fremen, calejados em resistir à ocupação de diferentes invasores (os Atreides são apenas os do momento). Povo nômade, muitos dos Fremen aguardam a vinda de um Messias, o Kwisatz Haderach, aquele que vai libertá-los do jugo alienígena em uma guerra santa anunciada por milenares profecias.

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O protagonista da história é o nobre Paul Atreides (Timothée Chalamet). Por ironia do destino, ele, um dos líderes da ocupação, caminha para se tornar o esperado Messias, em uma trama complexa que envolve a ordem religiosa das Bene Gesserit, poderosa a ponto de influenciar o destino dos personagens – muitos personagens, interpretados por um elenco de primeira linha que inclui Javier Bardem, Florence Pugh, Josh Brolin, Austin Butler e outros tantos.

Se a obra literária se destacava pela construção minuciosa de um universo, com riqueza na descrição de seus aspectos sociais, políticos, geográficos e até biológicos – com forte viés ambiental – o filme (poderia ser diferente?) prioriza a trama de ação, em que a rixa entre os Atreides e os Harkonenn corre ao lado da iminente revolta dos Fremen.

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Mas apesar do caráter de entretenimento, Duna, assim como o livro, é bastante cioso quanto a suas preocupações políticas. Diversas analogias podem ser feitas com o nosso mundo, sobretudo a força do messianismo religioso como energia propulsora para manipular populações. Hoje em dia, essa mensagem talvez seja ainda mais pertinente do que nos anos 1960.

Sem esquecer, é claro, o aspecto ecológico. Em Arrakis, o planeta Duna, a água é um bem por demais raro e sagrado. Seu desperdício é um sacrilégio e sua oferta, uma honra. Mesmo na hora da morte, os habitantes separam ossos, carne e água, que deve ser reaproveitada em qualquer situação, pois, como escreve Frank Herbert, “a vida está a serviço de todas as outras formas de vida”. O que também tem muito a nos dizer.

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Sci-fi: das páginas para as telas

  • Solaris, de Stanislaw Lem – Publicado em 1961, deu origem ao filme homônimo do russo Andrei Tarkovsky, de 1972. Uma expedição terrestre tenta descobrir formas de vida em um planeta oceânico que parece ser, ele próprio, um organismo consciente e poderoso.
  • Fahrenheit 451, de Ray Bradbury – A clássica distopia de Bradbury, em que bombeiros de uma sociedade futura têm a tarefa de incendiar livros (pois foram todos proibidos), tornou-se um filme famoso de François Truffaut na década de 1960. Em 2018, houve uma nova versão bem menos elogiada.

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  • Blade Runner, o Caçador de Androides – Clássico cult do cinema, surgiu a partir do romance de Philip K. Dick lançado em 1968. Em uma sempre chuvosa Los Angeles, Rick Deckard é o caçador de recompensas que precisa eliminar os Replicantes, androides foragidos que são uma ameaça à segurança.
  • Superbrinquedos duram o verão todo – Brian Aldiss publicou esse conto em 1969, e ele foi a base de A. I. – Inteligência Artificial, de Steven Spielberg (2001). Um menino-robô sonha em se tornar um ser humano real, de carne e osso, para conquistar o amor de sua “mãe”.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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