Uma informação publicada na edição da última quarta-feira, 15, na Gazeta do Sul, talvez tenha passado despercebida por muitos leitores, mas que considero de enorme relevância. Não só pelo fato em si, eloquente por sua natureza, mas também pelo cunho didático e por resguardar um valor que, se me permitem, foi perdendo vigor ao longo dos anos.
O fato em questão é uma parceria firmada entre a RGE-Sul e a Prefeitura de Santa Cruz do Sul para arborizar os bairros da cidade. O começo é modesto – pouco mais de 300 mudas de árvores nativas plantadas nas calçadas do Loteamento Mãe de Deus. Mas a iniciativa certamente vai reverberar e se estender a outros bairros. Inclusive deve alcançar as ruas do Centro. Temos muito mais do que o Túnel Verde para cuidar e com que nos preocupar.
Quem gosta de árvores – e de qualquer outra forma de vida – sabe que seres vivos um dia morrem. Nos retribuem com valor multiplicado tudo o que por eles fazemos. Mas exigem cuidados, comprometimento – custos e ônus também. E quase sempre deixam um rastro de sofrimento e de saudade. Mesmo que seja a partir do horizonte de uma janela.
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Mais do que um projeto de arborização dos bairros que vão se incorporando ao cenário urbano, de uma cidade que tem no DNA uma saudável cumplicidade com o verde, enxergo na raiz desta iniciativa um mérito adicional: a orientação e o estabelecimento de critérios para o plantio de mudas de árvores. Até para que não se precise sacrificá-las logo adiante.
É doloroso ver uma planta frondosa tombar ou ser mutilada porque ficou imprópria com o crescimento. Entendo que órgãos da administração municipal e empresas responsáveis pela distribuição de energia, fornecimento de água, por oferecer segurança ao cidadão e ao trânsito e até por cuidar da limpeza, deveriam pensar numa ação coletiva para incentivar e orientar a adequada arborização da cidade. Associações de bairros, escolas, meios de comunicação, todos os agentes que alcançam o cidadão poderiam dar suporte a essa iniciativa.
É preciso que todos entendam que não é minimamente razoável plantar um eucalipto, uma araucária ou uma tipuana debaixo da rede elétrica. Nem que se cultive uma figueira – charmosa, mas também espaçosa – na esquina da rua.
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Você não ficaria incomodado se uma empresa, provavelmente terceirizada, viesse na frente da sua empresa ou propriedade e amputasse a árvore que você plantou, cuidou e que foi sentenciada por se tornar adulta? Não por culpa dela, mas por ter nascido e crescido em um ambiente que foi se tornando hostil?
Podemos e devemos deixar a cidade mais bonita, aprazível, verde e florida. Mas sem sermos submetidos a traumas por desinformação. Por falar nisso, você já plantou uma árvore?
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