Em 2015, quebrei o primeiro osso do meu corpo. Eu tinha 22 anos e tentava jogar futsal. Lembro de um amigo dizer, depois que me viu com o pé descolado do tornozelo: “E hoje tu tava jogando bem”. Meu time ganhava de 1×0, gol marcado por mim, quando tentei sair driblando da defesa (coisa que nunca fazia) e acabei quebrando o tornozelo. Fratura bimaleolar com luxação, lembro de ler num laudo. Lembro do médico me dizendo, depois de olhar o raio-x: “Como foi mesmo que tu quebrou a perna assim?”. Era uma lesão muito grave para se conseguir numa quadra de futsal.
Cerca de dois meses e alguns pedaços de metal sob a minha pele depois, pude voltar a andar. Fui ao consultório e o médico disse, como Jesus a Lázaro: “Pode ficar de pé e sair andando, deixa as muletas aqui”. Eu ri. Não conseguia ficar de pé. Não conseguia colocar meu pé esquerdo no chão. O médico insistiu: “Estou falando sério, não vai quebrar de novo”.
Foi talvez o momento mais assustador da recuperação. Cheguei em casa e lavei louça, porque podia ficar de pé diante da pia. Subi as escadas para rever meu quarto. A sensação é semelhante, dadas as devidas proporções, agora, quando o governo do Estado diz que a máscara não será mais obrigatória. Lembro, também, da primeira vez em que usei uma, cerca de dois anos atrás. Uma máscara rosa, com fofas ovelhas desenhadas, que serviu para que eu pudesse entrar num supermercado. No dia seguinte, corri para comprar algumas que tivessem mais a ver comigo.
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Como diz o Humberto Gessinger, “boa sensação estranha” essa de poder sair na rua sem máscara. Espero que logo seja apenas boa, sem a parte em que a gente se sente irresponsável, em que a gente se sente próximo dos egoístas que negaram a importância de uma medida tão simples, nesses dois difíceis anos que passamos.
E obrigado a você, que entendeu o seu papel como cidadão, como parte de uma comunidade, e também usou a máscara. E que a gente continue usando onde for necessário e, especialmente, quando tivermos sintomas gripais. Que essa chata pandemia que ninguém mais aguenta pelo menos traga esse avanço.
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