Plataforma fomenta cultivo de plantas bioativas

A plataforma Agro dos Vales está sendo criada para tornar-se um meio de fomentar o cultivo de plantas bioativas nos vales do Rio Pardo e Taquari, pelo estímulo à ampliação de conexões entre os atores da cadeia de produção. O trabalho inicial foi implantado a partir do Arranjo Institucional de Suporte à Formação de Cadeias Produtivas de Plantas Bioativas do Vale do Rio Pardo (Valeef). A iniciativa é oriunda do projeto iniciado em 2020, com parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

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A coordenadora técnica do Inova+Vales, Chana de Medeiros da Silva, explica que o projeto inicial tinha como meta construir e articular o sistema da cadeia produtiva das plantas bioativas. “Depois disso, foi criado um estatuto do Arranjo e realizada uma assembleia para validar o estatuto e cadastrar produtores e empresas interessadas.”

A implantação do Arranjo Valeef vem ao encontro dos objetivos do projeto Inova+vales, aprovado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia em 2021. Ele visa tornar a região dos Vales referência em inovação por meio das tecnologias portadoras de futuro, como biotecnologia e automação, através dos setores agroalimentar e de saúde e serviços. Como forma de dar continuidade aos projetos de inovação com plantas bioativas, idealizou-se a plataforma Agro dos Vales. “Isso vem ao encontro do Valeef, para conectar os produtores com os demais serviços, como de empresas do ramo”, detalha a coordenadora. O Valeef conta com parceiros como Afubra, Sebrae e Emater-RS-Ascar.

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Conforme Chana, por meio de um cadastro, a plataforma vai reunir produtores e a indústria final em um só espaço/portal. “Além das conexões entre os atores, visa capacitar e trazer informações corretas e atualizadas sobre as plantas bioativas, bem como oferecer cursos e um calendário de eventos.” A Agro dos Vales está em fase de finalização e deve ser lançada até junho. “Em maio queremos concluir o sistema e em junho realizar uma assembleia para apresentação, junto aos produtores e empresas, na Unisc.”

Como funciona atualmente

Dos 73 produtores cadastrados, apenas 15 iniciaram o cultivo das plantas bioativas. Destacam-se o alecrim, capim-limão, lavanda e melaleuca. A colheita é feita pelos produtores e a venda ocorre para uma empresa parceira de Santa Maria, que compra a massa verde e extrai o óleo essencial. “É um começo, muitos ainda estão em testes. Reconhecemos os gargalos e as dificuldades enfrentadas pelos produtores. Por isso, uma empresa do setor na nossa região será importante para aumentar a produção,” diz a coordenadora Chana de Medeiros da Silva.

Experiência na propriedade

Foi por meio de uma reportagem da Gazeta do Sul que o projeto de plantas bioativas chamou a atenção de Márcia Siebeneichler Dreissig, moradora de Linha Brasil, localidade a 3 quilômetros do distrito de Monte Alverne. Ela foi uma das produtoras que se cadastrou junto ao Valeef e compartilhou a ideia com as irmãs Laura Raths e Cristiane Siebeneichler e a sobrinha Carina Siebeneichler.

“Plantamos 8 mil mudas de lavanda dentada e mil de alecrim e capim-limão. Apostamos também na lavanda francesa – cerca de 300 mudas, para ver a adaptação na nossa região”, disse Márcia.

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A propriedade foi nomeada como “Recanto Aromas do Monte”. A produção de plantas bioativas tem como carro-chefe as lavandas. “Fazemos na propriedade a destilação da lavanda e do alecrim, vendemos o óleo e também criamos outros produtos oriundos do óleo e das flores da lavanda, como sabonetes em barra e líquido; aromatizadores; sachês e artesanato”, elencou Márcia. Elas chegaram a vender o capim-limão para a indústria, mas em virtude do alto custo do frete, o retorno financeiro não compensou.

De acordo com Márcia, a produção se concentra em uma área de 29 hectares e se tornou um atrativo para turismo rural. “Todos gostam da lavanda por causa do seu aroma. E, em virtude de a plantação chamar a atenção, se tornou também um local para ensaios fotográficos. Estamos participando do curso de turismo rural do Senar, pois temos ideias de como aproveitar esse lugar, que fica na terra de nossos pais.”

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