Meu pai, Erwin, sempre plantou árvores. Antes de falecer, isto há mais de quarenta anos, ainda plantou cinco jabuticabeiras. Criou as mudas a partir de sementes e sabia que elas levariam 20 anos para frutificar. Sabia que dificilmente poderia saborear os frutos. Mas isso não o preocupava. Se hoje vivo em meio ao verde, a uma pequenina usina de produção de oxigênio e muitas frutíferas (e continuo plantando), é graças ao que me foi legado pelo meus pais, que não pensaram apenas em si.
Martin Luther disse certa vez que, se o mundo fosse terminar para ele no dia seguinte, antes disso, ainda plantaria uma macieira. Quem não é imediatista e consegue enxergar o mundo para além de seu umbigo, sabe que o melhor que podemos legar ao lugar onde vivemos é cuidar dele, cultivar seus patrimônios naturais, materiais e imateriais. Inovar sem menosprezar ou destruir o que de bom foi deixado pelas gerações que nos antecederam. Cultivaram árvores, muitas árvores, sem saber quem iria um dia “dançar à sua sombra”.
Ainda carecemos de mais conhecimento acerca da importância e do cuidado para com as árvores. Alamedas na beira de estrada são consideradas armas contra o trânsito. Com frequência, pessoas se queixam das árvores por suas raízes levantarem o calçamento nas ruas. Como se as árvores fossem as destruidoras. Contudo, não seria o carro a arma contra as árvores?
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Se as raízes levantam calçamento, não será que faltou cuidado e conhecimento adequados de quem as plantou e confinou suas raízes? Raízes que desesperadamente procuram caminhos, para a árvore poder crescer? E quando cortam raízes para dar lugar ao novo calçamento? Deixando a árvore frágil diante das intempéries?
Com frequência, também leio sobre árvores sacrificadas por serem consideradas transtorno para a fiação de energia elétrica. Não se cogita que a fiação possa estar atrapalhando a árvore. Além disso, as podas feitas, em grande medida, são verdadeiras mutilações, não são podas.
Tudo isso me leva a pensar na necessidade de promoção de mais conhecimento sobre as árvores em nossa cidade. Sobre os cuidados de que necessitam. Penso se não seria o caso de diferentes entidades, públicas e privadas, costurarem uma parceria com a universidade, com o intuito de formatar um curso de extensão voltado para o significado, cultivo e manejo de árvores. Primeiramente, poderia ser destinado a quem não tem formação especifica, mas lida com as árvores de nossa cidade. Posteriormente, poderia ser estendido a todos.
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Com saber e valorização, poderemos transformar a cidade numa usina de produção de oxigênio, de sombras, frutas, flores, de ninhos para aves… seria nossa contribuição para assegurar que a vida vai continuar com qualidade. Planta uma árvore, mesmo sem atinar quem um dia “dançará à sua sombra.” Isso é progresso voltado para a vida.
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