Em cenários de crise, é comum a busca por culpados e causas. Na tragédia atual de inundações no estado do Rio Grande do Sul que estamos vendo por imagens ou pela própria vivência, com destruição de casas, negócios, ruas, cidades inteiras, além de estradas, pontes, provocando a morte ou desaparecimentos de pessoas e animais, tem levantado diferentes reflexões. Trata-se de um evento excepcional da natureza, impossível de ser previsto, evitado ou tornado menos prejudicial? Ou há algum grau considerável de responsabilidade humana pela forma de ocupação do território, desenvolvimento urbano e uso do solo?

Em Porto Alegre, toda a área central que hoje está inundada foi ocupada por espigões. Houve, também, um sucateamento do sistema de proteção contra as inundações, concluído em 1974, mas que, ao longo dos anos, foi relegado, como se nunca mais fosse haver inundações. Conforme denunciou um ex-diretor do DEMAE – Departamento Municipal de Águas e Esgotos de Porto Alegre, não houve a devida e simples manutenção das comportas do dique construído para impedir que a água dos rios inundasse a cidade. Das 23 bombas que existem para devolver á água para o rio, apenas quatro estavam funcionando. Não se sabe se a água dos rios não passaria por cima do dique de 6 metros de altura; o que imagens mostraram é que a água entrou por baixo, através de brechas existentes, principalmente nas comportas. 

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Quando alguém tentava levantar esses problemas, autoridades envolvidas diziam que não era o momento de procurar culpados, mas de salvar vidas e acolher as pessoas atingidas. Sim, a prioridade deve ser essa mesmo – salvar vidas -, o que não impede, entretanto, que não se busque identificar responsáveis ou até culpados por parte da tragédia. Se esses questionamentos não forem realizados agora, enquanto a tragédia está acontecendo, depois, com tudo novamente em seu lugar, ninguém mais fala a respeito até ocorrer nova enchente.

Nas finanças pessoais, a história pode se desenrolar de forma parecida. Ninguém está livre de ter que enfrentar uma crise financeira, seja por motivos pessoais ou por qualquer outro. Por isso, é importante contar com um plano de contingência financeira. Um plano de contingência financeira é um conjunto de providências que tem o objetivo de preparar e proteger as finanças pessoais ou empresariais diante de situações adversas, imprevistas ou inimagináveis, como desemprego, a perda do negócio, doença, acidentes, pandemias ou enchentes. 

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Um plano de contingência, então, é um conjunto de medidas que visa garantir a continuidade das atividades essenciais, reduzir os impactos negativos e facilitar a recuperação. Conforme instrui o site Catraca Livre, deve levar em conta três aspectos:

  1. A prevenção: identificar os riscos potenciais e suas consequências, como desemprego, perda do negócio, doença, acidentes, pandemia, etc;
  2. A resposta: definir ações imediatas para superar a crise, como cortar gastos, renegociar dívidas, buscar renda extra;
  3. A recuperação: estabelecer estratégias para retomar a normalidade financeira.

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Para criar um plano de contingência financeira, é preciso seguir alguns passos, também sugeridos pelo site Catraca Livre:

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  1. Fazer um diagnóstico da situação financeira atual, levantando os ganhos, os gastos, dívidas, patrimônio, reservas; durante 30 ou 60 dias, anotar, em planilha ou aplicativo, todos os ganhos e desembolsos efetuados, por menores que sejam; esse levantamento vai mostrar o caminho que o dinheiro pessoal ou familiar percorre, mostrando o verdadeiro “eu financeiro”, em que efetivamente é gasto o dinheiro que, muitas vezes, pode ser diferente do que a pessoa ou família pensam ou imaginam.
  2. Elaborar e observar um orçamento pessoal ou familiar: com base no levantamento de gastos, em que já é possível reduzir, substituir ou eliminar itens, adotar a fórmula inovadora da metodologia da DSOP Educação Financeira que prevê receitas ou ganhos líquidos (-) sonhos (-) prestações/dívidas (-) reserva estratégica (=) gastos. Diferente da velha fórmula tradicional de receitas/ganhos (-) gastos (=) sobra ou falta de dinheiro, a nova fórmula estabelece valor para os gastos pessoais ou familiares, depois de deduzidas, principalmente, prestações/dívidas já assumidas; é com esse valor que a pessoa ou família deve contar e viver, correspondendo ao seu padrão de vida.
  3. Estabelecer objetivos financeiros de curto, médio e longo prazos, considerando sonhos, necessidades e prioridades.
  4. Criar uma reserva de emergência: deve ser um valor suficiente para cobrir todos os gastos médios mensais, incluídos os valores para longevidade, sonhos e compromissos financeiros de, no mínimo três meses, sendo o ideal de seis meses a um ano. Quem dispõe de uma reserva de emergência passa com tranquilidade por imprevistos ou uma simples conta inesperada ou, então, pode aproveitar alguma oportunidade de negócio.
  5. Proteger o patrimônio: contratar seguros para sua vida, saúde, carro, casa, .
  6. Diversificar os investimentos: aplicar o dinheiro em diferentes modalidades, de acordo com o perfil, prazo e objetivos, buscando obter melhor rentabilidade e segurança.
  7. Revisar e atualizar seu plano periodicamente, acompanhando sua evolução financeira, avaliando os resultados e fazendo os ajustes necessários.

Por fim, um plano de contingência não pode ater-se apenas em precaver-se de eventuais problemas de qualquer natureza. Precisa, também, prever aportes para a longevidade. Com a expectativa de vida cada vez mais longa, é prudente o cidadão incluir em seu orçamento mensal um valor para formar um fundo para a aposentadoria. Com planejamento, disciplina e educação financeira será possível enfrentar crises com mais recursos e confiança. 

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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