Categories: Francisco Teloeken

Plano financeiro para vencer a crise

A pandemia mundial do coronavírus – Covid 19 – já é uma trágica e imprevisível realidade que assola a maioria dos países, com milhares de mortes e impactos na economia global. No Brasil, esses efeitos devem ser ainda mais graves. É o que aponta a professora de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Nadja Heiderich, que diz que o Brasil é um caso especial: nossa economia ainda não se recuperou da grande crise de 2015. Os efeitos daquela crise ainda estavam presentes, com o governo quebrado, as empresas e famílias endividadas, um grande número de desempregados e pessoas trabalhando na informalidade.

O primeiro efeito, mais preocupante e triste, é o impacto humano, com a ocorrência de mortes em números cada vez mais crescentes. Além desses dramas pontuais, o vírus vem gerando impactos negativos em várias áreas, como o aumento da violência doméstica, e, principalmente na economia, replicando o que já acontece no mundo.

Há muitas incertezas sobre o mercado, a economia, as empresas e os empregos. Conforme estudo realizado pela UFMG, entre os brasileiros, a camada de menor renda deve ser a mais afetada. Oito em cada dez entrevistados já estão sentindo as consequências financeiras negativas, com mais força em famílias que têm filhos.

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Quem não fez a lição de casa em relação às finanças pessoais pode sofrer mais os efeitos desse problema, já que ter uma reserva financeira deveria ser um dos primeiros objetivos das pessoas para enfrentar imprevistos, mas que ainda não foi realizada pela maioria; numa situação mais grave, como esta que estamos começando a viver, poderia contribuir para atravessá-la com mais tranquilidade, embora ter dinheiro no bolso possa não resolver tudo, como a falta de oferta  do que se precisa comprar ou até dos clientes para quem vender.

De qualquer maneira, neste contexto de crise, não dá para ficar parado: é preciso fazer alguma coisa porque continuaremos tendo gastos, pelo menos com itens básicos, como aquisição de comida, produtos de higiene, etc. A tendência é que essas despesas e outras, como água, luz e gás aumentem porque ficamos o dia inteiro em casa.

O tempo de quarentena pode ser aproveitado também para analisar como andam as finanças pessoais e familiares. O primeiro passo é fazer um diagnóstico da situação financeira atual. Na metodologia da DSOP Educação Financeira, o diagnóstico é realizado com base na anotação de todos os gastos, durante 30 dias, se tiver renda fixa, ou durante 90 dias, se a renda for variável. Neste momento, entretanto, o diagnóstico é feito em cima da situação financeira atual, levantando a) o que temos de dívidas –  tipos (se o não pagamento no vencimento, por exemplo, pode ter consequências mais sérias, como a perda do bem), juros (mais ou menos elevados); e, b) do quanto vamos precisar gastar para atender às necessidades básicas nos próximos 30, 60, 90 dias, identificando cada despesa (habitação, mercado, etc).  

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De posse desse diagnóstico, elabora-se um orçamento. Aqui, já será possível prever se no final do mês vai faltar ou sobrar dinheiro; é o momento, então, de remanejar, substituir ou eliminar despesas. Pesquisas mostram que com esta simples providência é possível reduzir o valor total das despesas de 20% a 30%, sem qualquer perda no padrão de vida familiar ou pessoal.

A superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil – AEF-Brasil, Cláudia Forte, dá algumas dicas sobre como economizar e equilibrar a vida financeira, em meio aos problemas da pandemia do coronavírus pelo qual estamos passando:

1) ficar de olho na televisão, computador e lâmpadas que, ficando mais tempo ligados, vão aumentar a conta da energia elétrica;

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2) se trabalhar em casa (home office), utilizar um cômodo que tenha mais luz natural, poupando energia elétrica;

3) desligar da tomada o computador e todos os periféricos, quando não estiverem em uso;

4) encurtar os banhos, poupando água e energia;

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5) cuidar com as compras online: algumas pessoas podem querer aplacar a ansiedade que estão sentindo, neste momento, comprando pela internet; diferenciar o que é querer e o que é precisar de algo; depois, pesquisar, comparando preços, taxas, condições, etc.;

6) comprar apenas a quantidade certa para número de pessoas da família, necessária para um período de 30 dias, evitando estoques excessivos;

7) dar preferência ao comércio local;

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8) quem está endividado deve manter contato com o credor (loja, banco, etc), informando-se sobre a possibilidade conseguir uma folga de dois ou três meses, no pagamento de prestações, que alguns bancos já estão oferecendo;

Para a maioria de nós, a crise da pandemia do coronavírus nos lembra, apesar de toda a tecnologia de que dispomos hoje, da nossa fragilidade física, e também o quanto ela prejudica a segurança econômica, lança rotinas diárias de pernas para o ar, destrói planos e nos isola de parentes, vizinhos, colegas, amigos. Neste caos, pode ser o momento para entender mais sobre finanças e lidar melhor com os desafios que nos esperam. A educação financeira que, para muitas pessoas, se resume a usar uma planilha de controle financeiro, realizar pesquisas de preços, saber fazer alguns cálculos e conseguir guardar dinheiro, na verdade é uma ciência comportamental. No dia a dia, nem todos os problemas são causados pela pessoa ou sua família, como mostra a pandemia do coronavírus. No entanto, o comportamento diante dessa realidade é uma escolha pessoal e familiar e vai definir como vamos seguir em frente.

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