A poucos dias do Natal e da virada para o Ano Novo, muita gente está sofrendo da “dezembrite”, o neologismo que identifica a síndrome de final de ano. No último mês do ano, as pessoas estão cheias de coisas para fazer. Neste ano, com as dificuldades adicionais impostas pela pandemia do coronavírus, exigem mais criatividade, malabarismos e até eventuais burlas de regras, decretadas por autoridades, para a sua realização.
O estresse, a ansiedade e a irritabilidade, provocadas pelo corre-corre normal desta época, neste ano foram potencializadas e podem comprometer a saúde, tanto física quanto mental. Por isso, antes de mais nada, é recomendável desacelerar. Outra coisa: se o dinheiro estiver curto ou não der para extravagâncias, talvez valha a pena procurar simplificar os planos para o final deste ano e o começo do próximo. Fazer menos pode ser uma opção.
Cuidados: o final de um ano e começo de outro requer cuidados em quatro pontos principais:
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1º – Os jantares de família e com amigos: além da recomendação do distanciamento e do uso de máscaras, é importante manter a organização e o planejamento, não só da lista de convidados, comidas, bebidas, local, etc., mas, principalmente, das finanças; sim, porque facilmente esses eventos podem comprometer o bolso; se for o caso, não ter vergonha de pedir o auxílio de parentes e amigos participantes da festa, solicitando que tragam algum prato e bebida ou participem do rateio das despesas;
2º – Os presentes de Natal: para evitar rombos no orçamento, é fundamental pensar nos presentes com antecedência – a quem presentear, qual o valor-limite de cada presente, pesquisar preços; evitar comprar por impulso aquele presente que é a “cara” de alguém querido; cuidar das compras no cartão de crédito que são uma maneira fácil e quase imperceptível de acumular dívidas para o próximo ano;
3º – As despesas de férias: mesmo para quem não vai viajar, o período de férias sempre leva a gastar além do habitual, nem que sejam desembolsos do valor de alguns chopes ou sorvetes a mais;
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4º – Dívidas acumuladas: muitos brasileiros não perdem o sono por isso; outros, entretanto, se sentiriam mais tranquilos com as contas em dia e vão usar as verbas extras de fim de ano, principalmente o 13º salário, para acertar suas dívidas; afinal, não tem graça querer passar um Natal feliz com contas atrasadas.
Orientações: também nesta época, igual a programas de televisão e matérias especiais de jornais, é o momento de fazer uma retrospectiva pessoal do ano que passou que, aliás, para a maioria não foi fácil. Muitos desejam promover mudanças, às vezes radicais, em suas vidas, principalmente nas finanças, preparando as famosas listinhas de promessas a verbalizar ou apenas mentalizar, enquanto come os grãos de uva ou pula as 7 ondas do mar.
Então, antes que se percam essas promessas já nos primeiros dias do Ano Novo, o especialista em educação financeira e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, preparou algumas orientações para traçar um planejamento e conseguir ter uma relação mais saudável com o dinheiro, no próximo ano:
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1ª – Na ponta do lápis: usar uma planilha de papel ou eletrônica, com espaço para os 12 meses do ano, anotando nos respectivos meses as datas comemorativas, pagamento de impostos, prestações, parcelas de compras, etc., já assumidas para o corrente ano;
2ª – Conversar com a família: falar com todos os integrantes, inclusive as crianças, sobre sonhos individuais e coletivos que querem realizar;
3ª – Pesquisar o valor dos sonhos: saber quanto custa cada um e fazer as cotações para achar o melhor preço, possível de ser assumido;
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4ª – Poupar e investir dinheiro: apartar das receitas, tão logo caiam na conta do banco ou entrem em espécie no bolso, o valor de cada sonho e aplicá-lo em algum investimento, de acordo com o prazo de realização;
5ª – Reduzir despesas: fazer um diagnóstico financeiro, anotando durante 30 dias o valor de qualquer desembolso, desde um simples cafezinho ou guloseima até a prestação da casa ou do carro; esse diagnóstico permite visualizar onde está sendo gasto o dinheiro e a experiência tem mostrado que dá para poupar de 20% a 30% do gasto em desperdícios ou supérfluos;
6ª – Mudar a fórmula do orçamento mensal: em vez de considerar a tradicional fórmula Ganhos (-) Despesas = Sobras/Faltas, usar esta que prioriza os sonhos e não as despesas: Ganhos (-) Sonhos (-) Compromissos assumidos (-) reserva para imprevistos (-) Despesas; o valor previsto para as despesas corresponde ao padrão de vida pessoal ou familiar.
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7ª – Cuidado com a inadimplência: evitá-la de todas as maneiras; quem já está inadimplente, antes de procurar os credores, deve buscar as causas do problema e saber com quanto pode contar para quitar suas dívidas.
Conclusão: será que vale a pena tanto esforço e estresse para, no fim, sobrarem dívidas e começar um ano novo com as finanças comprometidas? Não se deve usar as festas de fim de ano como desculpa para gastar o que não se tem ou, até, fazer o que não se quer. As convenções sociais não podem ser a causa de problemas financeiros. Todo o dia é um bom dia para cuidar de si mesmo e de quem são próximos. Por isso, o fundamental é trocar toda a gastança apenas pela presença de estar junto às pessoas queridas.
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