Há 16 anos, Santa Cruz do Sul passou a contar com os “Piscinões.” A seguir pontuamos os aspectos que nortearam a implantação da obra ao norte e a sul da Rua Irmão Emílio, nos bairros Várzea/Navegantes.
Antecedentes: a população local, de longa data, vinha sofrendo com as inundações e ansiava por soluções que, se não resolvessem o problema, ao menos contribuíssem para sua minimização.
Decisão: em 2006, após tramitações diversas e ouvida a população local, foi consensuada a instalação de dois piscinões que pudessem armazenar 2,8 milhões de metros cúbicos de água durante as inundações.
Concepção: as águas provindas da zona urbana deveriam desaguar pelos arroios Lajeado e Preto, sem se somar, ao mesmo tempo, com as águas vindas pelo rio, desde suas nascentes em Barros Cassal, passando por Sinimbu e outras localidades ao norte.
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Assim, as águas que naturalmente se espalhariam pela várzea encontrariam, a seu ritmo, espaço de espraiamento nos piscinões, ao tempo em que as águas urbanas seguiriam pelo Lajeado e pelo Preto, através de um canal de deságue alongado em 320 metros para o sul, até encontrar o Rio Pardinho, a jusante das curvas, depois das instalações da Corsan, junto à RS-409.
Nos períodos sem inundações, parte da área destinada aos piscinões poderia ser usufruída social e culturalmente pela população, até porque um rio não é um cano, mas um sistema vivo, que congrega criaturas, fluxos, interações, várzeas, remansos, mata ciliar, afeto, conhecimento, surpresas e muitos mistérios.
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Obras: no dia 10 de janeiro de 2008, após os devidos licenciamentos ambientais, identificação das jazidas de argila e demais providências, as obras foram iniciadas. A Rua Irmão Emílio foi erguida em aproximadamente 1,30 metro até alcançar a cota de 30,5 metros.
Foram colocados 106 canos de 1,5 metro de diâmetro e mantido, no trecho intermediário a oeste da rua, um desnível inferior à cota de coroamento para permitir a vazão da água quando esta alcançasse níveis críticos, e assim garantir a integridade do dique em que foi transformada a Irmão Emílio.
Foram implantados em torno de 1.900 metros de diques junto ao balneário e demais propriedades urbanizadas. Investimento: para o levante de parte da Rua Irmão Emílio, foram alocados R$ 320 mil; para os demais diques, R$ 80 mil; e para a construção de pontilhões, colocação de canos e obras de apoio, outros R$ 38 mil, totalizando R$ 438 mil, a par do trabalho dos servidores municipais e do uso dos equipamentos públicos.
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Olhando em retrospectiva, pode-se dizer que os piscinões, efetivamente, contribuíram para a amenização das enchentes. Todavia, frente à inundação de maio deste ano, as obras se mostraram insuficientes. Isso não impede que se implemente a recomposição do que foi originalmente proposto, no intuito de fazer frente às inundações de pequeno e médio portes.
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Na perspectiva de eventos climáticos cada vez mais frequentes e de maior volume, seguem as seguintes sugestões: optar pelas sub-bacias, também urbanas, como unidades de planejamento, gestão e ação; implantar um sistema de piscinões escalonados topograficamente, nas zonas urbana e rural, que retardem equilibradamente o fluxo das águas, evitando que se juntem ao mesmo tempo na mesma planície de inundação; combater a impermeabilização dos terrenos; efetivar o desenvolvimento de vegetação ciliar nativa ao longo dos fluxos de água; integrar corredores ambientais, florestas urbanas e unidades de conservação; regenerar as várzeas; desenvolver um plano preventivo e de contingenciamento amplamente conhecido da população; consolidar um programa de educação e pesquisa socioambiental, além de outras iniciativas igualmente importantes, como a área de convivência implantada no vértice sudeste no piscinão norte.
Cabe acrescentar que os piscinões dialogam com a natureza, contribuindo para o efeito-esponja, absorvendo e liberando as águas a seu tempo e modo. Os piscinões, expandidos e aprimorados, escalonados no contexto das sub-bacias hidrográficas, constituem-se em eficiente e adequada solução socioambiental.
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