Durante minha longa vida acadêmica pude participar de muitos congressos. Aqui destaco os Simpósios Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentável. Os eventos acontecem a cada dois anos e são organizados por universidades alemãs e brasileiras, intermediados pelo Brasilien-Zentrum de Baden-Württemberg, da Universidade de Tübingen. Deles participei dos que foram sediados: pela Universidade Eberhard-Karls; pela universidade Federal de Santa Maria e Unisc de Santa Cruz; Universidade Albert Ludwig de Freiburg; Universidade federal de Curitiba e pela Universidade de Stuttgart.
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Nesses eventos sempre há uma enriquecedora troca de conhecimento entre pesquisadores dos dois países, interessantes discussões com enfoque para a sustentabilidade. Aliás, estudar e pesquisar na Alemanha e participar de eventos acadêmicos também me propiciou muitas imersões culturais. Vivenciar cultura in loco e visitar museus me possibilitaram conhecer diferentes aspectos da história e da cultura; pude conhecer mais e entender melhor a Alemanha e seu povo. Foi em museus que conheci, por exemplo, um pouco da história do automobilismo.
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Tudo começou com um técnico talentoso, Carl Benz que, com o apoio de sua esposa Bertha Benz, dedicou-se com afinco à criação do primeiro automóvel movido a motor no mundo. Em 1886 ele conseguiu registrar a patente de seu primeiro carro. Naquele tempo, a novidade não gerou muito entusiasmo na sociedade. Confiar num carro sem ser puxado por cavalos? Melhor ficar com os cavalos do que apostar numa geringonça barulhenta. Vai daí que sua esposa Bertha teve a ideia de mostrar aos reticentes que o carro era uma boa alternativa para as locomoções diárias e em trajetos mais longos. Assim, em 1888, sem informar o marido, ela e seus dois filhos se mandaram com o veículo e andaram por 106 quilômetros: de Mannheim (lugar onde moravam) até Pforzheim (lugar de nascimento de Bertha). Fizeram o trajeto em menos de 13 horas.
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Como naquele tempo inexistiam postos de combustível, ela se valeu de “Ligroin” – Waschbenzin, uma benzina usada para remover manchas em tecidos. Como a provisão levada se revelou insuficiente, teve de parar numa farmácia para comprar mais benzina. Pequenos problemas técnicos ela foi resolvendo ao longo do trajeto. Ela era criativa, sabia se virar e havia acompanhado o marido na realização do projeto. Para renovar água fresca, valeu-se de poços e córregos; nas subidas mais íngremes, seus filhos de 13 e 15 anos ajudavam a empurrar. Condutores entupidos? Valeu-se da agulha de seu chapéu para desobstruí-los.
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Assim, foi uma mulher ao volante a fazer a primeira viagem longa com um carro movido a motor no mundo. Desde 2008 existe a rota cultural Bertha Benz no Estado de Baden-Württemberg – de Mannheim, passando por Heidelberg e Schwetzingen até Pforzheim – em memória a esse extraordinário feito de Bertha Benz e ao início da história do automobilismo no mundo.
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