Ao autorizar a Operação Skala, deflagrada nesta quinta-feira, 29, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, registrou que, para a Polícia Federal, a empresa Argeplan, de João Batista Lima – coronel aposentado amigo do presidente Michel Temer -, “tem se capitalizado” com recursos de empresas interessadas na edição do Decreto dos Portos e distribuído tais recursos para os demais investigados.
Barroso citou que a PF chegou a essa constatação na análise dos documentos colhidos tanto no Inquérito dos Portos, do qual é relator, quanto nos autos de um inquérito que já tramitou no Supremo sobre o setor portuário e hoje se encontra arquivado – Temer foi investigado nesse caso.
Para a Polícia Federal, segundo Barroso, a análise conjunta dessas duas investigações “permite concluir que a Argeplan, agora oficialmente com o investigado João Batista Lima Filho como sócio, tem se capitalizado por meio do recebimento de recursos provenientes de outras empresas – as interessadas no denominado Decreto dos Portos -, e distribuído tais recursos para os investigados”.
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Sobre a capitalização da empresa do Coronel Lima, Barroso destaca que um relatório demonstra “crescimento exponencial da empresa Argeplan nos últimos 20 anos, inclusive no Setor nuclear, em parceria com a AF Consult do Brasil, o que se vê de um contrato no valor de R$ 160 milhões de reais com a Eletronuclear para as obras da Usina Angra 3, cuja obtenção, segundo José Antunes Sobrinho, só teria ocorrido por ser a Argeplan ligada a Temer, e precisou subcontratar a Envegix porque não tinha capacidade para o serviço”.
Planilha
A análise do material obtido até antes da Operação Skala identificou uma planilha contábil em que as siglas MT, MA e L aparecem como recebedores de recursos das empresas Libra, Rodrima e Multicargo. O ministro Barroso, em sua decisão, aponta que as siglas “permitem supor sejam o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Michel Temer, Marcelo Azeredo, Presidente da CODESP entre 1995 e 1998, indicado por ele, e o amigo pessoal do Senhor Presidente, João Batista Lima Filho”.
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Expondo todas essas informações, Barroso explicou que os sócios de algumas dessas empresas deveriam ser ouvidos na operação, para prestar esclarecimentos “inclusive sobre se possuem conhecimento quanto a eventual atuação de João Batista no favorecimento de empresas concessionárias do setor portuário e na solicitação de vantagens indevidas a empresários, com finalidade de beneficiar agentes políticos, seja por meio de doações de campanhas formais, ‘caixa 2’, ou mesmo sob forma de ‘propina’ direta, sem relação com campanhas eleitorais”.
Apreensões
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As operações de busca e apreensão, de acordo com a decisão do ministro, devem considerar a “necessidade de identificar in loco se as empresas envolvidas de fato prestaram os serviços contratados e, ainda, se possuem de fato capacidade operacional para executar contratos milionários, a exemplo dos contratos firmados pela Argeplan e a AF Consult Brasil”.
O pedido da PF foi de busca e apreensão de processos, contratos, termos, e outros documentos que possam ajudar a provar se houve, de fato, a prática de crimes investigados – corrupção ativa e passiva, dinheiro, associação criminosa, organização criminosa, bem como crimes a eles correlatos.
Além disso, houve autorização para apreensão de computadores, aparelhos de telefone celular, mídias de armazenamento de dados, “podendo apreender, ainda, tendo em vista características dos crimes investigados: dinheiro em espécie, relógios e joias de auto valor, obras de arte, veículos automotores terrestres ou aquáticos, e outros itens de valor, encontrados na propriedade e/ou na posse dos investigados, que apresentem indícios de relação com os crimes investigados e/ou tenham origem não justificada ou irregular, a critério da Autoridade Policial encarregada do cumprimento do respectivo mandado”.
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