PF de Santa Cruz investiga origem das 25 pistolas apreendidas na BR-386

Chegou à Delegacia da Polícia Federal de Santa Cruz do Sul um arsenal de armas e carregadores apreendidos na noite de segunda-feira, 23, por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A abordagem aconteceu no quilômetro 342 da BR-386, em Lajeado. Por volta das 20 horas, os policiais pararam um Honda City prata, com placas da cidade de Capitão Leônidas Marques, interior do Paraná. No automóvel estavam duas mulheres, de 24 e 27 anos.

As duas não possuíam antecedentes criminais e disseram ser moradoras de Foz do Iguaçu, no Paraná. Elas afirmaram aos agentes que viajavam para Porto Alegre, onde pretendiam abrir uma filial de uma empresa de empréstimos em que trabalhavam. Diante de um certo nervosismo apresentado pela dupla, os policiais rodoviários federais resolveram fazer uma vistoria mais detalhada no automóvel.

Eles então descobriram um compartimento secreto sob o banco traseiro. No fundo falso, preparado especialmente para ocultar objetos, foram encontradas, embaladas, 25 pistolas calibre 9 milímetros, da marca argentina Bersa, todas com numeração raspada. Ainda havia 50 carregadores de 9 milímetros e dois carregadores para calibre 762, utilizados em fuzis. O arsenal é avaliado em R$ 220 mil.

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O carro estava registrado no nome da mulher mais nova, mas quem dirigia era a mais velha. As duas disseram aos agentes que não sabiam da existência de armas no City. Elas foram presas em flagrante e encaminhadas à PF de Santa Cruz, com as armas, os carregadores e o veículo apreendidos. A ação contou com a participação do Serviço de Inteligência da PRF.

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Rota que vem do Paraguai

Sabe-se que a maior parte das pistolas e revólveres que vão parar nas mãos de facções criminosas, no Sul e Sudeste do País, vem do Paraguai. Em relatório da PF publicado em 2018, consta que o tráfico de armas ocorre, sobretudo, na chamada Tríplice Fronteira, nas cidades de Foz do Iguaçu (Paraná), Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina).

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Segundo o levantamento, as principais rotas terrestres começam em lojas nas cidades fronteiriças do Paraguai, passando pelo Paraná ou Mato Grosso do Sul, e depois são distribuídas em capitais brasileiras. Nos estados, os grupos criminosos usam as armas para proteger áreas do tráfico ou negociá-las (por meio de venda, aluguel ou empréstimo) com outras facções para roubos a bancos, cargas ou resgate de presos.

Foto: Alencar da Rosa

Ligações com organização criminosa

O flagrante foi lavrado durante a madrugada dessa terça-feira, 24, pelo delegado Elton Manzke. Um advogado de Santa Cruz do Sul foi chamado para acompanhar o caso e prestar assessoria às duas mulheres. Na delegacia da PF, a dupla presa reservou-se o direito de permanecer calada e falar somente em juízo. De acordo com Manzke, foi possível identificar outras viagens suspeitas feitas pelas jovens.

“Esse carro já tinha feito anteriormente outras três viagens para o Rio Grande do Sul. Também existe um outro automóvel, um Honda Fit, no nome da mulher mais velha, que por acaso estava dirigindo nesta ocasião de agora, e que já tinha realizado sete viagens de Foz do Iguaçu para o nosso Estado. Então, embora elas tenham evocado o direito de não falar na fase policial, as diligências que realizamos na madrugada indicam que é uma situação que merece ser investigada, pois possivelmente elas têm ligações com alguma organização criminosa”, afirmou o delegado.

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Após o flagrante, as duas mulheres foram conduzidas ao Presídio Estadual Feminino de Lajeado. A dupla foi indiciada por tráfico internacional de armas, conforme os artigos 18 e 19 da Lei 10.826, de 2003, referente ao Sistema Nacional de Armas. Essa lei prevê que importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente, é crime.

A pena vai de oito a 16 anos, e multa. Nesse caso, a pena é ampliada pela metade em virtude de a arma de fogo ser de uso proibido ou restrito. As armas, todas seminovas, foram encaminhadas para perícia no Setor Técnico Científico (Setec) da Superintendência da PF, em Porto Alegre, com o objetivo de identificar sua possível origem.
Conforme o delegado Elton Manzke, a investigação vai prosseguir. “Representei ao juiz pela quebra do sigilo telefônico, para termos acesso aos contatos e dados de aplicativos, bem como o extrato dos últimos seis meses de ligações. Vamos investigar e identificar o restante da organização criminosa que está por trás”, afirmou.

Elton Manzke mostra fundo falso do City | Foto: Alencar da Rosa

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