Astor Wartchow

Pesquisas: o fator imprevisível e incalculável

Pesquisas de opinião utilizam informações estatísticas oficiais, principalmente aquelas que identificam e quantificam as classes sociais, a partir de indicadores como gênero, escolaridade, renda familiar, local de moradia etc.

Pesquisas político-eleitorais aferem tendências ideológicas, preferências partidárias e pessoais, consistindo em instrumento de avaliação de governantes e atos de governo, parlamentares e partidos. E candidatos!

Quase unânime, há o entendimento de que as pesquisas despolitizam o processo eleitoral, influenciam o eleitorado e provocam o voto útil. Circunstâncias somadas que contribuem para determinar e resultar no empobrecimento geral do debate e da representação política. Aliás, em crescente e continuada perda de qualidade.

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Em eleições recentes, confrontadas as prévias com os números finais, as pesquisas eleitorais têm revelado e confirmado diferenças expressivas. Afetando a credibilidade dos institutos e semeando a desconfiança popular.

Admitamos, porém, que as pesquisas têm rigor científico e honestidade de propósitos. Logo, cabe perguntar que indicador social e individual, ou tecnológico, além dos já citados, poderia contribuir e determinar as diferenças finais.

Acredito que são as redes sociais, mas especialmente a utilização do popularíssimo aplicativo WhatsApp. Cresceu geometricamente o número de “grupos de conversa” de condomínios, bairros, associações, clubes e profissões.

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Além do que já tínhamos em modo lúdico e amistoso, agregou-se a articulação e a mobilização por demanda, por comunhão de interesses e afinidades pessoais.
Quantitativa e qualitativamente, são as diárias trocas de mensagens individuais e grupais. Incalculáveis em qualidade de ação e reação. Imensuráveis em sua importância e consequência.

São interações em todos e entre todos os níveis sociais. Para muito além das preconcebidas divisões, como gênero, escolaridade, moradia e renda pessoal, por exemplo. São diálogos e mensagens imensuráveis, inavaliáveis e imprevisíveis. Logo, como medir a volatilidade e a intempestividade da opinião pública em meio ao generalizado volume de informações e contrainformações políticas nas redes sociais, sejam verdadeiras ou não?

De modo que mais difícil se torna a tarefa de identificar as preferências, as motivações e as razões que possam vir a contribuir para determinar e confirmar determinada pesquisa pré-eleitoral.
É o fator inprevisível e incalculável. Afinal, em 24 horas tudo pode mudar!

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