Uma área pouco estudada no Brasil é um dos focos de pesquisa do botânico Jair Putzke. Neste mês, o professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) lançou o primeiro guia de cogumelos do Brasil. Cogumelos no Sul do Brasil, volume 1 é resultado de um trabalho iniciado há cerca de 30 anos e que busca tornar o mundo desses fungos popular para os brasileiros, principalmente quanto a sua comestibilidade. A edição inicial é uma introdução para uma série de cinco volumes que deve chegar às livrarias no decorrer do ano.
Com 90 páginas, o livro tem uma linguagem simples e é voltado para o público em geral. Por ser o primeiro, apresenta as espécies mais populares de cogumelos. Além de explicar se são comestíveis ou não, a obra destaca aqueles que são venenosos e traz quase 200 fotografias coloridas, com dicas de identificação em campo. Putzke, que começou a trabalhar nesse tema em 1986, explica que a publicação complementa um curso anual oferecido na Serra Gaúcha. “Desde 2008 ministro em Gramado e Canela uma oficina para identificação de cogumelos, sempre no mês de maio. A partir do trabalho de campo, vi como deveria começar o livro”, explica.
O guia aborda espécies de todo o Sul do Brasil, trazendo um resumo dos tipos mais comuns. “A ideia é afastar o medo que as pessoas têm de cogumelos. No Brasil, não temos a tradição de come-los, apesar de ser um alimento com inúmeras vantagens nutricionais”, afirma o professor. As próximas edições – duas com previsão de lançamento até maio – vão trazer mais dicas, espécies e até receitas para os tipos identificados. “Temos no Brasil, identificadas, aproximadamente 1,4 mil espécies de cogumelos. Pelo menos 80 delas são comestíveis e de fácil localização.”
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Jair Putzke ressalta que os cogumelos são um alimento completo, faltando neles apenas ferro. “Uma pessoa pode sobreviver apenas comendo esses fungos. Até existe o cultivo no Brasil, mas o preço cobrado ainda é muito alto”, ele observa. Portanto, o objetivo do botânico é estimular o aumento da produção, pois as vantagens vão além da alimentação. “Os cogumelos têm uma enorme importância ecológica também. E eles estão em todos os lugares. Só com o que temos nas matas e campos da região, abasteceríamos todo o Brasil.”
Nacional
Após lançar os cinco volumes de Cogumelos no Sul do Brasil, Jair Putzke já pensa em ir mais longe no mundo dos fungos. O botânico espera produzir também o primeiro guia de abrangência nacional. Este teria um caráter mais científico. “O guia regional é voltado para o público em geral, com linguagem simples e dicas para o dia a dia. Já no nacional, a ideia é servir como base para estudos em universidades e centros de pesquisa”, afirma.
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E toda essa paixão por cogumelos é justificada pelo conhecimento que Putzke tem sobre eles. “No Brasil é comum associá-los a coisas ruins, mas na verdade são alimentos muito importantes por suas qualidades nutricionais. Pode ser comido inteiro ou como aditivo alimentar, que faz muito bem”, frisa. Após 30 anos de estudo, Putzke comemora o aumento do interesse nessa área. “Temos uma das maiores biodiversidades do mundo, e ela é muito pouco explorada. Já identificamos cerca de 1,4 mil, mas acredito que existam aproximadamente 6,5 mil espécies para ainda serem conhecidas. Vamos seguir trabalhando.”
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